
Perto de 49 milhões de eleitores franceses vão ser chamados às urnas no domingo, 10 de abril, para a primeira volta das presidenciais, à qual se apresentam 12 candidatos, dos quais quatro mulheres: Anne Hidalgo, Valérie Pécresse, nathalie Arthaud e Marine le Pen.
Nesta primeira volta à corrida ao Eliseu está também o presidente cessante, Emmanuel Macron, o claro favorito, embora a diferença em relação à candidata da extrema-direita Marine Le Pen tenha vindo a diminuir nas últimas semanas.
As sondagens indicam também que uma proporção sem precedentes de franceses não tem a certeza em quem votar ou não pretende votar.
Conheça os 12 candidatos de diferentes quadrantes políticos, entre eles quatro mulheres.
Anne Hidalgo
Anne Hidalgo defende a criação de uma prestação social mínima para jovens e para idosos de mil euros, de um cheque alimentar sustentável para que as famílias comprem produtos locais e biológicos e a luta contra a especulação imobiliária, através do financiamento de empréstimos para a compra de propriedade e do controlo das rendas nas grandes cidades francesas.
Nathalie Arthaud
Propõe, entre outras medidas, o aumento da reforma mínima para dois mil euros líquidos – tal como o salário mínimo –, a expropriação das grandes fortunas e o fim do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) para todos os produtos, exceto os de luxo.
Valérie Pécresse
Entre as principais propostas desta antiga ministra de Nicolas Sarkozy e atual presidente da região parisiense está o aumento de 10% dos salários, dar mais poder aos territórios e acabar com os ‘guetos’ urbanos existentes nos arredores das grandes cidades.
Marine Le Pen
Menos radical que nas últimas eleições, a filha de Jean-Marie Le Pen deixou cair alguns temas a campanha de 2017 como a saída do euro ou da União Europeia e insiste agora na diminuição dos impostos, aumento dos salários e acesso prioritário às ajudas do Estados aos cidadãos de nacionalidade francesa, prevendo a expulsão do território para todos os estrangeiros que não tenham trabalhado nos últimos 12 meses ou estrangeiros que cometam crimes em França.
Emmanuel Macron
O Presidente da República anunciou tardiamente a sua recandidatura ao Eliseu devido ao conflito na Ucrânia. Tem dividido o seu tempo entre a resolução deste conflito, desempenhando um papel de mediador em relação ao Presidente russo, Vladimir Putin, e a campanha, na qual a participação de Macron foi curta. O candidato nem sequer participou nos debates com os seus adversários.
Mesmo pouco presente, Emmanuel Macron é o candidato favorito dos franceses nesta eleição, tendo reforçado a sua popularidade após o início do conflito com a Ucrânia.
Entre as principais medidas do seu programa está a reforma do sistema de pensões em França – que não conseguiu concluir no primeiro mandato -, a subida da idade de reforma para 65 anos e condições mais restritas para a atribuição de ajudas sociais.
Jean-Luc Mélenchon
O líder da extrema-esquerda em França posiciona-se em terceiro lugar nas preferências dos franceses. Esta é a terceira candidatura consecutiva às presidenciais de Jean-Luc Mélenchon que em 2017 ficou em quarto lugar.
O candidato quer refundar a República, propondo uma VI República, com maior recurso aos referendos e instituindo o voto obrigatório a partir dos 16 anos.
Mélenchon quer ainda acabar com a atual divisão da França em regiões, instaurar mais uma semana de férias para todos os franceses e baixar a idade da reforma para os 60 anos.
Eric Zémmour
O ex-jornalista e comentador político sofreu uma forte queda nas sondagens desde que a campanha eleitoral se intensificou, lutando agora para conseguir 10% dos votos dos franceses. Apesar de ter partido em vantagem face a Marine Le Pen, escândalos sexuais, condenações por racismo e proximidade com as ideias do Presidente russo, Vladimir Putin, retiraram ímpeto à sua candidatura.
Como propostas, Eric Zémmour defende a imigração zero para travar a entrada de novos imigrantes em França, as prestações sociais só para os franceses e quer impedir o uso do véu islâmico e do quipá judaico no espaço público.
Yannick Jadot
O líder dos ecologistas, que também ganhou o seu lugar de candidato numa primária renhida entre Os Verdes, detém cerca de 6% das intenções de voto, apesar de as alterações climáticas serem um dos temas desta campanha eleitoral.
Yannick Jadot quer o fim da energia nuclear até 2035, inscrever na Constituição a garantia da preservação do ambiente, voltar a um mandato presidencial de sete anos, criar a figura do crime ambiental e a construção de 700 mil alojamentos sociais até 2027.
Fabien Roussel
Com cerca de 4% das intenções de voto, Fabien Roussel, candidato do Partido comunista francês é a surpresa desta eleição presidencial, propondo um programa que quer trazer de novo aos franceses “os dias felizes”. Há 10 anos que os comunistas não tinham um candidato, tendo apoiado Jean-Luc Mélenchon em 2012 e 2017.
Como medidas, o comunista propõe um salário mínimo de 1.500 euros brutos, aumentar o orçamento da educação nacional em 45% e estabelecer a semana de trabalho de 32 horas por semana.
Nicolas Dupont-Aignan
Com 4,7% dos votos em 2017, Nicolas Dupont-Aignan não ultrapassa desta vez os 1,5% nas sondagens para as eleições de 10 de abril. Define-se como o herdeiro do General De Gaulle e mantém uma linha eurocética com o seu movimento “República de pé“.
No programa, o candidato diz querer substituir a União Europeia por uma comunidade de nações livres, abandonar o Banco Central Europeu e ainda acabar com as sanções contra a Rússia.
Jean Lassalle
Eleito deputado em 2002, Jean Lassalle encarna o candidato dos franceses que vivem fora das grandes cidades, dos agricultores e do interior. Tem caracterizado a sua ação política por atos extremos, como uma greve de fome pela deslocalização de uma empresa em 2006 ou um percurso de 6.000 quilómetros pela França a pé para encontrar os seus eleitores em 2013.
É a segunda eleição presidencial de Lassalle, que em 2016 fundou o partido Resistamos. Entre as suas principais medidas estão a nacionalização de empresas em setores estratégicos do Estado, o restabelecimento do serviço militar ou civil obrigatório e a revisão da redistribuição dos fundos da Política Agrícola Comum em França.
Philippe Poutou
Operário e sindicalista, este ‘trotskista’ apresenta-se pela terceira vez às eleições presidenciais com a formação Novo Partido Anticapitalista. Philippe Poutou é conselheiro municipal em Bordéus.
O candidato quer abrir a possibilidade de voto a todos os estrangeiros que vivem em França, instaurar uma semana de trabalho de quatro dias e 32 horas e tornar os despedimentos impossíveis.
CB com Lusa