Francisco Henriques: “Não sou bonito, sou diferente”

Francisco Henriques

Tem 1,88 metros, apenas 22 anos, é português e já soma um vasto leque de conquistas na moda internacional. Nunca pensou vir a pisar uma passerelle, já que o seu sonho era viver com uma bola nos pés, em vez de calçar sapatos de autor. Falamos de Francisco Henriques, um modelo que promete dar que falar.

Agenciado pela Central Models, é considerado um dos nomes mais promissores da nova geração de modelos. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Modelo Masculino, em maio deste ano, não para de acrescentar novos desfiles, editoriais e campanhas ao seu percurso profissional.

Recentemente escolhido para a campanha internacional do perfume Pure XS da Paco Rabanne, fotografada por Nathaniel Goldberg, o jovem manequim já deu o rosto por marcas como Tiffosi, Harvey Nichols, Quebramar e GAP. Do seu currículo fazem ainda parte desfiles nas semanas de moda de Milão, Paris ou Nova Iorque, para griffes como Hermès, Emporio Armani ou Balmain.

Em entrevista ao Delas.pt, no passado sábado, 21 de outubro, minutos depois de sair da passerelle onde foram apresentadas as propostas de primavera/verão do designer Nuno Baltazar, Francisco Henriques falou-nos um pouco sobre a sua ascensão.

Há quanto tempo começou a desfilar?

Comecei na moda há sensivelmente três anos e meio. Terminei os estudos em Lisboa – sou de Lisboa -, estava a tirar economia. Depois fui para a faculdade para desporto, o que não tem nada a ver, e tive que parar para começar a viajar por causa da moda. Tive que optar porque não dava para conciliar com os estudos.

É essa a maior dificuldade quando se é modelo, ter que escolher o que fazer?

Sim, isso de dar para fazer duas coisas ao mesmo tempo é mentira. Não consigo estar a viajar e a fotografar e ao mesmo tempo estar focado nos estudos, para mim não dá. E é difícil porque não sabemos o dia de amanhã, nesta profissão é tudo muito vago, está tudo assim muito ‘no ar’. Se na altura em que larguei os estudos me tivesse perguntado a mim mesmo “vou largar os estudos e agora como vai ser a minha carreira de modelo?”, ninguém me sabia dizer como ia correr.

“Mas eu sou muito ambicioso, quero sempre mais qualquer coisa.”

Mas os trabalhos internacionais surgiram mais este ano.

Sim, não me queixo, tem corrido lindamente. Mas eu sou muito ambicioso, quero sempre mais qualquer coisa.

E o que lhe falta ainda? O que queria mesmo fazer?

Falta imensa coisa. Falta fotografar com grandes fotógrafos, como Bruce Weber ou Mario Testino, algo que acho que um dia destes pode acontecer.

Acha que os homens têm um estereótipo mais marcado que as mulheres no mundo da moda?

Não, as mulheres têm isso mais marcado.

E porque acha que os modelos masculinos trabalham até mais tarde que os femininos?

Sinceramente, não sei. Existem mulheres que também trabalham até tarde, mas sim, por norma, os homens trabalham até mais tarde. Talvez gostem das rugas e da barba dos homens.

Quais são as suas rotinas de beleza (cuidados com o rosto e corpo)?

Costumo lavar e ponho um creme hidratante sempre de manhã e à noite. Mas costumo é cuidar mais do meu cabelo, para manter os caracóis. Costumo utilizar um creme para ele não ficar messy e com muito volume, gosto de definir mais o caracol. Quanto ao corpo, sempre gostei de treinar e, por norma, quando tenho tempo, treino.

Sempre foi bonito?

Eu não sou bonito, sou diferente.

“Se tivermos cabeça, é um mundo interessante.”

E quando descobriu que tinha potencial para ser modelo?

Amigos meus e familiares disseram para me inscrever numa agência. Sempre joguei futebol, o meu sonho sempre foi ser jogador de futebol, não sabia nada de nada de moda. Mas as coisas aconteceram, eles ligaram-me e a partir daí comecei a trabalhar. Os primeiros seis ou sete meses foram calmos e adaptei-me à agência. É um mundo totalmente diferente, de jogar futebol para vir para o mundo da moda, não tem nada a ver. Mas gosto do que faço, gosto de viajar, conheço imensas pessoas. Se tivermos cabeça, é um mundo interessante.

Há alguma diferença entre as raparigas modelos e as outras?

Não, são iguais. Por aquilo que eu vejo é que para serem modelo têm que ser altas, fininhas e ter aquelas medidas mesmo específicas, é aquilo ou então não são.

O que acha que falta à moda nacional?

Sinceramente, acho que a moda nacional tem vindo a evoluir nos últimos tempos. Vejo grandes estilistas a terem apoio para apresentarem as suas coleções em Milão, Paris ou Nova Iorque. Acho que existe muito talento. Aliás, acabei de fazer o desfile de Nuno Baltazar e felicitei-o pela coleção, está excelente. Acho que têm que continuar a ir para fora.

Imagem de destaque: André Gouveia/Global Imagens.


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