Frida Kahlo, a “comunista” que está a agitar a Hungria

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Não é um “problema estético”, é um problema político. Frida Kahlo, que morreu há 64 anos mas continua mais viva do que nunca na cultura popular, até estampada nas t’shirts das principais marcas de consumo popular, não é bem vinda em território húngaro. A exposição que lhe é dedicada por estes dias na National Gallery de Budapeste, a capital do país, está a suscitar polémica.

Em solo governado pelo nacionalista Viktor Orbán, um jornal de direita alinhado com o governo aponta ao dedo à mostra, acusando-a de “promover o comunismo”, descreve a agência Reuters, lembrando como o debate em torno da cultura tem estado particularmente aceso naquele país desde que o primeiro-ministro venceu, em abril, o seu terceiro mandato consecutivo.

Recorde-se que em junho o musical Billy Elliot foi também alvo de censura pelo estado húngaro, que o acusou de promover a homossexualidade entre o público mais jovem. O resultado foi o cancelamento de 15 das 44 apresentações previstas para os meses de junho e julho.

Foi a 14 de julho que o Magyar Idok, o jornal em questão, elencou uma série de exposições, artistas e galerias inimigos, associados ao seguinte rótulo: “É assim que se promove o comunismo com dinheiro do estado”. A publicação, que mereceu a resposta de 60 personalidades húngaras, refutando os ataques, chega ao ponto de mencionar o caso amoroso que a pintora mexicana chegou a ter com uma figura bolchevique como Trotsky, durante a fase do seu exílio no México, de evocar a sua filiação comunista e a forma como teria a cama ornamentada com imagens de líderes como Marx, Engels, Lenine, Estaline e Mao.

Polémicas à parte, a exposição de trabalhos da pintora, que coincide com a apresentação que lhe é dedicada no Museu Victoria & Albert, em Londres, vai fazendo o seu caminho, recebendo cerca de três mil visitantes por dia.

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