Os noruegueses continuam a gostar de viver na natureza como se o aquecimento em casa nunca tivesse sido inventado. Chamam a esta atitude de “Friluftsliv” – ou vida ao ar livre.
O termo foi cunhado pelo escritor Henrik Ibsen em 1859. É algo como o amor por se integrar à natureza e desfrutar de atividades ao ar livre como forma de vida.
O conceito inclui ir ao campo, mas também desfrutar de parques, florestas urbanas ou, porque não, das montanhas, sete dias por semana. O mesmo vale para um passeio, sentar-se para ler um livro ou fazer um passeio de bicicleta com a família ou amigos.
O facto é que, embora o coronavírus seja prevalente em países do sul da Europa, como Espanha, França ou Itália, parece que por terras norueguesas ele passa lateralmente.
E se este modo de vida tivesse algo a ver com essa taxa mais baixa de infeções? O facto de no sul da Europa preferirmos sentarmo-nos num terraço por duas horas em vez de passar o tempo a caminhar ou descansar sob uma árvore, mas respirando ar puro, influencia?
É apenas uma hipótese, mas os epidemiologistas já a colocam na mesa ao tentar explicar o comportamento tão díspar da pandemia. “Devemos assumir a via aérea de transmissão do vírus por aerossóis. Partículas muito pequenas que duram horas no ar. É necessário promover atividades ao ar livre e garantir medidas de prevenção (máscaras, distância social) em espaços fechados“, escreveu Gorka Orive, professor de farmácia da Universidade do País Basco a partir da sua conta no Twitter.
Na mesma linha, vários especialistas em medicina ambiental pediram abertamente às autoridades que transferissem todas as atividades humanas possíveis para espaços abertos.
A ideia de passar mais tempo lá fora parece boa. Até que percebemos que o inverno está a chegar. Assim que as temperaturas caem abaixo dos dez graus, começamos a ter preguiça de sair, senão por necessidade. Pensamos que tirar um pé de casa equivale a enfrentar situações em que morremos de frio ou que vamos apanhar uma gripe (um mito que a ciência já desvendou).
Apanhamos gripe através de um vírus que é transmitido por secreções ou ao tocar nos olhos, nariz ou boca após tocar numa superfície contaminada. Há mais probabilidades de apanhar uma gripe num ambiente fechado do que ao ar livre. Embora também seja verdade que o frio pode limitar a resposta imunológica do sistema respiratório.
Com tudo isto, como é que os nórdicos conseguem desfrutar de Friluftsliv sem tossir durante todo o inverno? Preparando-se bem. Eles investem numa boa vestimenta de outdoor, leve e respirável.
A natureza também tem efeitos positivos no humor. O Coronavírus desencadeou patologias mentais, desde ansiedade até depressão ou insónias.
Passar um dia ao ar livre é um bálsamo de paz. Os sons da natureza transpiram tranquilidade e permitem que se ligue a si mesma e recarregue as baterias.
Nem é necessário correr. Ao caminhar algumas horas ao ar livre, já está a fazer uma atividade física que fortalece o seu sistema imunitário.
