
“Nesta coleção, apresento um back to office (um regresso ao trabalho, em tradução literal), mas em que a mulher é que manda, é que é a dirigente da empresa, a líder e, quando entra, põe um lápis agarrado ao cabelo e segue”. A frase é do criador Gonçalo Peixoto, que apresentou desta forma a coleção levada à passerelle da ModaLisboa, neste domingo, 9 de março, e para a estação de outono/inverno 2025/26.
À Delas.pt, o designer detalha que “a inspiração principal para esta proposta vem de uma foto de 1978, das célebres canetas BIC”. “Estava de férias no Brasil, vi a imagem e pensei ‘isto é tão giro, porque não resgatar isto de uma maneira Gonçalo Peixoto?‘”, explica.
Os cortes acentuados e as transparências – uma das imagens de marca do criador – entram agora também no espaço laboral. Porquê? “Porque é sexy, porque eu quero, gosto transparência, porque as mulheres são quem querem ser e são as bosses (patroas) ali de dentro, tudo isto enaltecendo-as, que é o que eu faço nas minha coleções”, afirma.


“Há pessoas que gostam desta provocação, e eu quero que as minhas clientes se sintam confortáveis nela. Eu acho que isso é bonito e é importante no século XXI elas serem as donas dos direitos delas, poderem fazer aquilo que quiserem”, acrescenta.
Esta temporada, Peixoto criou ainda um coordenado com peças metálicas, procurando converter a ideia de um computador para o corpo.

Uma proposta que nasceu da parceria com a marca tecnológica ASUS e à boleia de um novo computador que vence a barreira e fica abaixo de um quilo de peso. “Tentei perceber como é que podia encontrar uma peça que me fizesse lembrar o alumínio do computador. Usei umas chapinhas muito pequeninas, fizemos uns furinhos nas pontas, permitindo que fossem sendo amarradas”, conta o designer, que optou por fazer duas peças separadas “para conseguir versatilidade: a saia pode ser usada com uma camisa por cima, ou uma t-shirt ou o top com uma parte de baixo”, detalha.
Um encontro de vontades que, para Peixoto, “traz nova maneira de olhar a realidade”, de a pensar e de explorar. “O Gonçalo não usou o material [do computador] nas suas peças, porque infelizmente não conseguimos ter escala para fazer peças com acabamentos iguais [alumínio cerâmico], mas inspirou-se nele”, revela o diretor de Marketing da marca, durante a apresentação do coordenado do desginer português e do novo Zenbook A14.
Eduardo Cardoso explica que a parceria da tecnológica com a moda procura “uma ligação mais artística”. “Nós somos uma marca que, em Portugal, já está muito ligados à música, desde o ano passado, com o Portugal Fashion, ligamo-nos à moda. Esta é a primeira vez que estamos na ModaLisboa”, explica o responsável.
“Escolhemos o Gonçalo porque é um Forbes under 30 [Talento antes dos 30 anos, ranking da revista Forbes] (4:36) e nós já tínhamos trabalho com ele há três anos. Como sempre, as colecções dele são espetaculares e nós queremos continuar a caminhar ao lado do Gonçalo”, justifica Eduardo Cardoso.