O governo anunciou o lançamento de uma nova campanha, a propósito do Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, que se assinala no próximo dia 25 de novembro. A campanha, intitulada #VamosGanharALutaContraAViolência, é promovida pela Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, em conjunto com várias organizações de defesa dos direitos das mulheres. O objetivo da iniciativa é apelar à sociedade, em geral, e não apenas às vítimas, que denunciem as situações de violência doméstica que conheçam, e que são crime público, às autoridades.

A campanha inclui um vídeo – disponível acima – e que exorta todos a não ficarem em silêncio perante o problema e expô-lo, naquela que é, sublinha, uma “responsabilidade coletiva”. Para isso há um número a fixar: 800 202 148.

Os meios de comunicação social são uma das redes de parceria para promoção da iniciativa. Nela incluem-se a RTP, SIC, TVI, a Cofina Media, Global Media Group, Grupo Renascença Multimédia.

Esta iniciativa da Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade é anunciada no dia em que é divulgado um estudo da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre as “Representações da Violência Doméstica nos telejornais de horário nobre”.

Após uma análise nos telejornais de horário nobre da RTP1, RTP2, SIC e TVI entre 2013 e 2015, num total de 432 peças, a ERC conclui existirem “elementos no tratamento jornalístico da violência doméstica que revelam pouco investimento na problematização deste fenómeno social e rigor informativo, podendo simplificar as representações sobre esta temática”, informa o regulador em comunicado, citado pela Lusa, onde aconselha as estações de televisão a rejeitar o sensacionalismo nas notícias sobre violência doméstica.

Além dos media, a nova campanha do governo conta também com o apoio de outras estruturas nacionais de grande dimensão como a NOS Cinemas, a AHRESP, o Grupo Barraqueiro, a Galp, o Metro Lisboa e Porto, para difundir a mensagem a nível nacional, e nas mais diversas plataformas.

“Bastaria uma vítima para nos inquietar, mas verificaram-se mais de 26 mil ocorrências de violência doméstica em 2017 e já 21 homicídios de mulheres em 2018, em Portugal, para além das situações que continuam invisíveis. Neste sentido, a campanha apela a que todas as pessoas, não só as vítimas, denunciem situações de violência contra as mulheres”, refere a nota enviada à imprensa.

A campanha é promovida em conjunto com a Associação de Mulheres Contra a Violência (AMCV), Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), a Associação Portuguesa de Mulheres Juristas (APMJ), o Movimento Democrático de Mulheres (MDM), a Associação Plano I, a Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PPDM), a União das Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) e a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG).

Segundo, Rosa Monteiro o que se pretende com esta iniciativa é “que as vítimas se sintam confiantes para pedirem ajuda e que as pessoas, que têm conhecimento de situações de violência, se sintam interpeladas e não hesitem em denunciar. A denúncia, a procura de apoios e de informação são passos decisivos para encetar um processo de mudança e de superação, rompendo com ciclos de dúvida, medo e de sofrimento”, conclui.

Rosa Monteiro: “É populista falar-se no aumento de penas como solução para eliminar e combater a violência”