Enquanto a pandemia da covid-19 exigia decisões, Graça Freitas, então responsável máxima na Direção-Geral da Saúde (DGS) fazia tratamentos contra o cancro, falando em “secundários muito violentos”.
Em entrevista ao podcast Tenho Cancro. E depois?, conduzido pela jornalista da SIC Notícias Sara Tainha, e num projeto editorial da estação e do jornal Expresso, a ex-diretora da DGS revela que a sua preocupação principal era, à data da luta contra o cancro, a pandemia. “Era a minha prioridade na altura. Nós temos sempre prioridades na vida e eu achava que já tinha passado o pior do cancro, já estava em velocidade de cruzeiro em relação ao cancro, já estava a fazer terapêutica, enfim, de segurança”, relata na emissão em que concedeu entrevista ao lado de Fátima Vaz, diretora do serviço de Oncologia Médica do Instituto Português de Oncologia, de Lisboa.
Para lá do apoio de família, amigos e colegas de trabalho – Graça Freitas escondeu a sua condição da saúde para proteger a mãe, viúva há pouco tempo –, a então responsável da DGS teve de pedir ajuda para a imagem. “Quando [o cabelo] caiu, caiu, pronto. Caiu da noite para o dia, ao fim da primeira sessão de quimioterapia, num hotel onde eu estava na altura”, revelou, adiantando que pediu ajuda para contornar esse efeito do tratamento.
Agora, olhando para o histórico, Graça Freitas define-se como “uma doente normal, uma boa doente, no sentido em que fiz uma opção quando soube”. “Fiz um rastreio e, no âmbito do rastreio, foi-me detetado um pequeno nódulo e eu fiz a opção de ser tratada no IPO. A partir daí, confiei inteiramente nessa opção que fiz”, detalhou Graça Freitas, que fala do cancro como “uma inevitabilidade” e que gerou um único objetivo: “manter-me viva”.