Foram centenas de milhares de alunos de todo o mundo, desde a Suécia ao Uganda, que saíram à rua esta sexta-feira, 15 de março, para se juntarem ao movimento mundial “greve pelo clima”, em protesto contra a inação dos governos no combate ao aquecimento global.
Em Portugal, as concentrações reuniram milhares de estudantes em Lisboa, no Largo de Camões, e um pouco por todo o território, do Porto a Évora, de Braga a Faro, da Madeira aos Açores. Ao todo, mais de 26 cidades lusitanas tinham gritado “presente” neste protesto mundial e cujas imagens pode ver na galeria acima.
A impulsionadora deste movimento mundial, Greta Thunberg, tem apenas 16 anos e, a partir da Suécia e faltando todas as sextas-feiras às aulas para lutar pelo clima diante do parlamento do país, convocou o mundo inteiro. Jovens de 112 países protestaram esta sexta-feira, 15 de março, nas suas terras em defesa do clima. “112 países!”, escreveu na rede social Twitter a jovem sueca.
“Este movimento tinha de acontecer, nós não temos escolhas. A maior parte dos grevistas que estão mobilizados ainda não podem votar. Imaginem o que isso significa”, lê-se numa carta aberta publicada em cinco jornais europeus e subscrita por Greta Thunberg, já nomeada ao prémio Nobel da Paz.
O mesmo documento lembra que “apesar da crise climática, apesar de conhecermos os factos não temos possibilidade de falar sobre as alterações climáticas com aqueles que têm poder de decisão”.
Os milhões de jovens que se fizeram ouvir pelo mundo
Desde a Finlândia ao Quénia ou de Hong Kong a Nova Deli, não faltam exemplos de jovens de diferentes culturas que se uniram pela mesma causa, segundo relatos de agências internacionais. Milhares de jovens suecos saíram à rua para exigir ações do Governo, com destaque para Estocolmo onde se registou o maior protesto do país.
Também em Itália, França e Alemanha, milhares de estudantes faltaram hoje às aulas: Em Berlim, por exemplo, contaram-se mais de dez mil manifestantes nas ruas. Centenas de milhares de jovens italianos participaram nos mais de 280 eventos organizados em todo o país, com destaque para Roma e Milão. Em Roma foram contabilizadas cerca de dez mil pessoas e em Milão mais de cem mil.
Em Paris, além da manifestação e desfile, dezenas de jovens bloquearam a entrada da sede de um banco, o Société Générale, denunciando que o seu financiamento era prejudicial ao clima. Também em Madrid, centenas de estudantes reuniram-se hoje nas Puertas del Sol, para exigir políticas que lutem contra as mudanças climáticas. Em Viena, mais de dez mil estudantes juntaram-se à iniciativa global #Fridaysforfuture que se repetiu um pouco por todo o país: Milhares de manifestantes nas marchas realizadas em cidades austríacas como Bregenz, Graz ou Innsbruck são o balanço da manhã de protestos.
Também na Suíça há relatos de milhares de jovens que responderam à convocatória mundial participando nas ações organizadas nas suas terras. Em Lausana, por exemplo, mais de mil alunos saíram à rua e em Neuchatel a mobilização chegou a cerca de duas mil pessoas. Na Índia, país que tem algumas das cidades mais poluídas do planeta, estudantes de várias zonas também fizeram questão de se fazer ouvir.
O assunto também mobilizou jovens do Japão, Austrália, Hong Kong e Uganda, onde muitos estudantes participaram nos protestos para chamar a atenção para o aumento repentino de deslizamentos de terra e enchentes no seu país. A luta por um mundo melhor também se fez hoje outros países africanos, como o Quénia e a África do Sul. Em Nairobi (Quénia), cerca de uma centena de jovens manifestou-se no bosque de Karura, um dos pulmões da capital e o último bosque indígena dentro de uma cidade.
“Quero que entrem em pânico. Quero que sintam o medo que eu sinto todos os dias“, foi uma das declarações marcantes da jovem sueca de 16 anos, durante o discurso dirigido aos líderes do Fórum Económico Mundial, que se realiza anualmente na Suíça.
Alguns políticos criticaram os estudantes, defendendo que deveriam gastar o seu tempo na escola e não nas ruas, por considerarem que se trata de um assunto para especialistas. No entanto, os cientistas apoiaram os protestos estudantis, com centenas de assinaturas em petições lançadas por estudantes ingleses, finlandeses e alemães.
CB com Lusa
Imagem de destaque: Reuters
Alunos fora da escola e em greve pelo clima. Mas pode haver faltas não justificadas