Guerra na Ucrânia. Aumento de prematuros devido a stresse em grávidas

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[Fotografia: Unsplash/Suhyeon Choi]

A guerra na Ucrânia causou um aumento dos nascimentos prematuros no país, devido ao incremento do nível de stresse em grávidas, referiu esta semana a organização internacional de saúde Unitaid, que enviou equipamentos para evitar complicações nos recém-nascidos.

A invasão russa na Ucrânia “aumenta o nível de stresse das mulheres grávidas, o que leva a um aumento no número de partos prematuros”, sublinhou o porta-voz da Unitaid, Hervé Verhoosel, em conferência de imprensa em Genebra.

“Bebés nascidos prematuramente são mais propensos a desenvolver complicações respiratórias, neurológicas ou digestivas – condições que muitas vezes requerem tratamento com oxigénio”, explicou.

A Unitaid enviou 220 aparelhos de oxigenoterapia, para auxiliar estes recém-nascidos nos hospitais ou espaços de saúde.

Estes equipamentos estão disponíveis em 25 espaços de saúde em todo o país, 17 dos quais em centros perinatais. “Em alguns hospitais com os quais os nossos parceiros conversaram durante a formação sobre o uso do equipamento, houve aumentos [de nascimentos prematuros] entre 12 a 40%”, explicou Verhoosel.

“Mas temos que colocar um pouco as coisas em perspetiva. Por enquanto, dada a situação, muitos partos mais tradicionais e descomplicados não acontecem em hospitais, que atendem apenas casos mais difíceis, o que contribui para o aumento dos percentuais. Mas o aumento é real”, assegurou, à agência France-Presse (AFP).

A invasão lançada por Moscovo contra a Ucrânia danificou ou destruiu muitos hospitais. “Isso coloca milhares de recém-nascidos em alto risco de incapacidade ou morte devido à falta de acesso a oxigénio, equipamentos necessários e tratamento essencial”, alertou ainda o porta-voz da Unitaid.

Até ao momento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) verificou 434 ataques a serviços de saúde desde a invasão russa da Ucrânia, 366 dos quais atingiram unidades de saúde.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas de suas casas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de dez milhões para os países vizinhos –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia. A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.

A ONU confirmou que 5.401 civis morreram e 7.466 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 167.º dia, sublinhando que os números reais deverão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.

Com agências