
Um dia depois de ter sido detida, a jornalista russa Marina Ovsiannikova, conhecida por criticar a ofensiva na Ucrânia ao vivo na televisão, foi colocada em prisão domiciliária até 9 de outubro como parte de uma investigação criminal que a pode levar à prisão, anunciou um tribunal de Moscovo nesta quinta-feira, 11 de agosto.
A jornalista é acusada de ter “desacreditado” o exército em meados de julho, quando levantou, perto do Kremlin, uma faixa acusando as forças russas de cometer crimes na Ucrânia. De acordo com um novo artigo do Código Penal, adotado após o início do conflito e como forma de dissuadir as críticas, ela pode ser condenada a uma pena de até 10 anos de prisão.
Na audiência de quinta-feira, Ovsiannikova mostrou uma mensagem que dizia: “Que as crianças mortas (no conflito na Ucrânia) vos persigam em sonhos”.
A jornalista russa tornou-se mundialmente célebre por ter interrompido um telejornal de um canal estatal da Federação Russa após empunhar um cartaz no qual protestava contra a ofensiva russa na Ucrânia. Agora, estava detida por ter “desacreditado” o exército, informou o advogado que a representa.
Desde o fim de julho, Ovsyannikova foi condenada a pagar duas multas por ter “desacreditado” o exército russo, em particular em mensagens que criticavam a ofensiva na Ucrânia publicadas nas redes sociais. Duas condenações com menos de seis meses de intervalo abrem o caminho para um caso penal, com possíveis consequências jurídicas muito mais graves.
Ovsyannikova saltou para o espaço mediático internacional por, em março, aparecer num telejornal do canal pró-Kremlin no qual trabalhava com um cartaz que denunciava a ofensiva na Ucrânia e a “propaganda” da imprensa controlada pelo governo.
Desde o início da operação na Ucrânia em fevereiro, a Rússia endureceu consideravelmente as leis contra as pessoas que criticam o governo.
com AFP