Há 55 notificações de reações na saúde feminina após a vacina da covid-19

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O regulador Infarmed revela existirem, em Portugal e até ao momento, um “total de 55 notificações incluídas no grupo de reações ‘Distúrbios do sistema reprodutor e da mama’, todas classificadas como não-graves, e com a seguinte distribuição (equilibrada entre a primeira e a segunda dose de vacina)”. Eventuais efeitos secundários da vacina que têm vindo a ser reportados ao portal de Notificações de Reações Adversas (RAM).

As alterações registadas em matéria de saúde feminina não são, porém, as mais frequentes. Aliás, fonte oficial do regulador vinca ao Delas.pt/JN que “mesmo se existisse uma relação causal entre as suspeitas de reações adversas acima referidas com a administração de uma vacina contra a COVID-19, tal representaria uma frequência de ocorrência esperada de um caso em cada 100 mil administrações, ou seja, um acontecimento muito raro”.

De acordo com dados fornecidos pela task force para a vacinação e até 25 de julho, há dois milhões 705 mil mulheres totalmente vacinadas e 3 milhões e meio com a primeira dose.

Dor na mama e alterações menstruais

De entre as reações reportadas em matéria de saúde feminina, a mais prevalecente é a de dor na mama, com 11 casos, segue-se-lhe os distúrbios menstruais (cinco comunicações) e a hemorragia vaginal, desconforto na mama e dismenorreia (quatro reportes cada). As reações relativas à saúde feminina são, ressalve-se, uma pequena minoria face a outras mais comuns como as dores no corpo, dores de cabeça, dor no local da injeção e estado febril, com mais de duas mil comunicações feitas para cada um destes sintomas.

Ao Delas.pt/JN, o professor Catedrático Jubilado de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Luís Mendes Graça, pede cautela na análise dos resultados, sobretudo estes que dizem respeito às mulheres. “A regularidade do ciclo menstrual pode ficar alterada mesmo diante de um simples estado febril e seguramente não compromete a saúde”, sublinha. Vinca ainda que, na sua prática clínica, não lhe foi reportada, até ao momento, qualquer alteração. “Tenho todas as minhas pacientes vacinadas e não tenho indicação de alterações menstruais significativas, reitera, lembrando que se trata de pequenas mudanças diante de “uma vacina que salva o mundo”.

Impacto da vacina na saúde da mulher alvo de estudos

Estados Unidos da América, Reino Unido e agora Espanha estão a estudar possíveis efeitos secundários da vacinação contra a covid-19 e as mudanças reportadas por muitas mulheres em questões menstruais e senológicas.

Segundo tem sido coligido, algumas mulheres vacinadas têm evocado alterações na menstruação como atrasos ou períodos mais abundantes e volume mamário distinto.

De acordo com a edição do jornal espanhol El Mundo, o caso tem vindo a ser estudado pela mão da parteira e especialista em saúde sexual feminina Laura Câmara. A própria começou a reunir dados e explica ao periódico que, das 2827 mulheres escutadas, 51% reportam algum tipo de alteração no pós-vacinação. “Já em fevereiro, quando os profissionais de saúde estavam a ser vacinados, começámos a observar que algumas mulheres apresentavam distúrbios menstruais”, revelou a especialista, que exerce no Hospital Virgen de Las Nieves, na referida cidade do sul de Espanha.