Cristina Ferreira revela batalhas por se ser mulher com poder em Portugal

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Fotografia: Instagram Cristina Ferreira

A diretora de Ficção e Entretenimento da TVI e apresentadora Cristina Ferreira abordou as dificuldades que sente como mulher de sucesso em altos cargos. Uma conversa que teve lugar esta segunda-feira, 9 de janeiro, e que antecede o regresso das Cristina Talks, este sábado, 14 de janeiro, em Lisboa.

“É quase impossível estar aqui [cargos de grande poder] para pessoas que se emocionam”, afirma Cristina Ferreira em conversa com Maria Botelho Moniz e Cláudio Ramos, no formato Dois às 10, nas manhãs da estação. “Não quer dizer que os homens não sejam emotivos, mas nós facilmente choramos por alguma coisa, e estar em cargos desta natureza, em que há sempre pessoas que estão a tentar atirar-te para fora, tens de balizar muito o que fazes, calar muito do que apetecia dizer, tens de ser outra pessoa”, descreve a apresentadora.

Anuncia assim as talks homónimas como espaço onde pode mostrar-se como é e recuperar o que tem sido obrigada a renunciar no espaço e com a vida profissional. “Ali está a Cristina com o brilho inocente no olhar, ela está lá porque ela agora não pode deixar que [os olhos] brilhem porque há muitos lobos à volta a tentar perceber o que significa. Lamento, mas hoje em dia não posso deixar que me vejam no olhar e ali quero estar com todo o brilho que tive desde o primeiro dia que fiz televisão”, revela.

“Não temos noção de como as mulheres se sentem culpadas”

Cristina quer sentir-se “numa bolha” no sábado, 14 de janeiro, no Altice Arena, mostrar-se como verdadeiramente é, “despojada”, e levar consigo quem queira ser livre. “A Carolina Deslandes transporta a ideia de uma mulher livre. A Rita Pereira fala da importância de se vestir com gosta, de dançar, de beber, não temos a noção de como as mulheres se sentem culpadas e por coisas tão simples da vida como simplesmente existir, viver. Precisamos todos de aproveitar a vida nos seus limites. Eu não vou estar em mais nenhum sítio onde não esteja bem, em que a felicidade não seja o que mais existe desde que acordo”, antecipa.

Olhando para o percurso, a apresentadora lembra que “a Cristina foi fantástica enquanto veio do nada e estava ali. Já era grande, mas querer ser mais ainda?” E é aí que tudo muda: “Ter conseguido o que desejou? Surpreender toda a gente? Ser dona da sua própria vida? Como pode ser capaz de fazer isso? Dói-me, mas não vou desistir de ser livre e fazer o que quero da minha vida”, garante.

Mudar da SIC para a TVI: “Não pensei que fosse tão rápido”

Sobre a mudança da SIC para a TVI, em 2020, a apresentadora admite que imaginou que tal iria acontecer um dia, mas que nunca pensou que o regresso à casa que a viu nascer “fosse tão rápido”.

“Achei que faria um percurso grande e que um dia vinha aqui [TVI], mas foi a vida a surpreender-me. E era aqui que queria estar, o caminho estava feito do outro lado. Iriamos [Cristina e Cláudio Ramos] fazer aquilo 20 anos e com felicidade total, mas senti naquela hora que não ir a fazer mais nada ali”, refere a atual responsável da programação da estação de Queluz de Baixo.