“Precisamos de alterar o jogo entre a saúde sexual e reprodutiva”, começou por explicar Andreas Ullrich, ex- conselheiro da Organização Mundial da Saúde, no âmbito da conferência regional que decorre esta quarta e quinta-feira, 10 e 11 de outubro, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, e que coloca em análise a igualdade de género e o empoderamento das mulheres nos países do Mediterrâneo.
Resumindo o painel em que se analisava a importância da saúde sexual e reprodutiva, o especialista citava Mónica Ferro, a responsável portuguesa do Fundo Regional para o Apoio à População, para vincar que “há uma ligação em falta entre o empoderamento das mulheres e a saúde reprodutiva, o acesso a serviços de saúde e sexuais não estão incluir o sexo feminino”.
Uma realidade que ganha ainda mais proporções junto das que vivem no Mediterrâneo, seja “no acesso à contraceção, partos, medidas preventivas para saúde e também combate a doenças como cancro. Precisamos de alterar o jogo entre a saúde e o empoderamento”, refere o antigo conselheiro.
Durante o workshop foram, então, encontrados quatro caminhos para encurtar esta distância. “Tornar os dados visíveis, mostrar quais são os gaps, trabalhar para que as mulheres tenham melhor acesso à educação de saúde, ainda mais urgente nas áreas rurais, melhorar e avançar na agenda da saúde sexual e medir o progresso, reportando-o aos decisores”, elencou Ullrich. Recomendações que não escondem a surpresa: “Estou impressionado como as medidas que têm sido tomadas têm sido poucas e têm produzido poucos impactos, e todos os intervenientes disseram isso”.
Num pedido que passa por juntar esforços em torno de programas das Nações Unidas que pugnam pelo direito à saúde das mulheres, o ex-conselheiro lembra também que é “importante trabalhar num projeto que estamos a desenvolver em torno da violência contra as mulheres”, referiu o responsável. Ainda assim, lembrou que é preciso “chegar aos parlamentares, pedir legislação em matéria de saúde sexual e reprodutiva, envolver a sociedade civil e as mulheres mais formadas devem tomar o pulso a estas questões para que as possam traduzir para jovens e crianças”.
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