Hillary vs Trump: ela vai à frente mas não muito

Republican U.S. presidential nominee Trump listens as Democratic nominee Clinton answers a question from the audience during their presidential town hall debate in St. Louis
Republican U.S. presidential nominee Donald Trump listens as Democratic nominee Hillary Clinton answers a question from the audience during their presidential town hall debate at Washington University in St. Louis, Missouri, U.S., October 9, 2016. REUTERS/Rick Wilking TPX IMAGES OF THE DAY

Tudo parecia indicar que Hillary Clinton sairia vencedora irredutível do segundo debate televisivo com Donald Trump. O escândalo tornado público na semana passada punha, supostamente, o candidato republicano numa posição ainda mais frágil, depois do primeiro debate ter sido claramente favorável à ex-Secretária de Estado dos EUA.

No final do debate transmitido pela CBS a habitual sondagem dos debates televisivos entre candidatos presidenciais dava clara vantagem à democrata, com 57% do favoritismo face a 34% atribuído ao magnata da comunicação. Mas, apesar da vitória – nas urnas, com estes valores, Hillary seria a vencedora da entrada na Casa Branca – a diferença entre os dois candidatos está mais reduzida, uma vez que no primeiro debate em televisão 62% atribuía a vitória a Hillary Clinton enquanto apenas 27% escolhia o republicano.

O debate mais sujo de sempre?

Já se esperava que este debate tocasse questões sensíveis. A publicação de um vídeo de 2005, em que se ouve Trump a gabar-se da facilidade com que toca nas zonas íntimas das mulheres porque é famoso, reavivou as críticas que acusam o republicano de misógino, machista e desrespeitador das mulheres. Prevendo esse ataque, uma hora e meia antes do início do debate Trump deu uma conferência de imprensa com transmissão direta no Facebook e sentou à sua mesa quarto mulheres que acusam Bill Clinton de agressão sexual. Uma delas afirmou que Bill Clinton “violou-me e Hillary Clinton ameaçou-me. Acho que não há nada pior”.

O tom estava dado e o jornalista Anderson Cooper, um dos moderadores do debate, deu o palco a uma mulher da audiência, Patrice Braa, para lançar a primeira pergunta e logo sobre os valores morais dos candidatos: “Sentem-se exemplos positivos e apropriados para os jovens de hoje?” As respostas foram inconclusivas, com muitas alusões aos slogans de campanha, aos sound bites também, mas nenhuma resposta sobre a conduta de cada um. O jornalista recuperou o tema do vídeo e o candidato respondeu dizendo que tem “imenso respeito pelas mulheres e vou fazer a América segura outra vez”.

O respeito pelas mulheres continuou a ser o tema do debate por mais alguns minutos. Hillary aproveitou para referir que o desrespeito de Trump pelas mulheres se estende a todos os que não são brancos, homens, ricos. E afirmou que os valores da América inclusiva são os valores que quer fazer crescer dentro e fora do país. Pouco depois Trump ripostava com os escândalos sexuais do marido da candidata.

Apesar do tom agressivo que se manteve por todo o debate, quando se dirimiram argumentos em torno do sistema de saúde, da política externa, do pagamento de imposto (Trump afirmou sem problemas que usava a lei para não pagar ao fisco), da relação dos candidatos com a alta-finança (sobretudo de Clinton que fez discursos em Wall Street em que terá dito que os políticos devem ter “uma postura em público e outra em privado”) o debate acabou em tom mais suave. Outro membro do público pediu para que os dois candidatos apontassem uma coisa boa do outro (sim, como os pais fazem às crianças em briga). Hillary respondeu que Trump tem filhos incríveis, comprometidos e trabalhadores e “isso diz muito sobre ele”. Donald respondeu que “Ela não desiste e eu respeito isso. Ela é uma lutadora.”


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