Hope Hicks, a mais fiel assistente de Trump sai sem glória

Ficou conhecida por ser uma das assessoras mais fiéis e que mais tempo se manteve no círculo restrito de Donald Trump e também pela sua rápida ascensão.

Hope Hicks, de 29 anos, demitiu-se esta quarta-feira, 28 de fevereiro, do cargo de diretora de Comunicação da Casa Branca.

A notícia da saída é conhecida um dia depois de a assessora ter sido interrogada durante nove horas por uma comissão parlamentar que está a investigar a alegada interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 e os eventuais contactos entre dirigentes da campanha de Trump e dirigentes russos, refere a Agência Lusa.

A antiga porta-voz da campanha eleitoral do atual presidente dos Estados Unidos da América admitiu à comissão de Informações da Câmara dos Representantes ter contado “mentiras inocentes” para proteger Trump, mas negou ter mentido sobre aspetos relevantes para a investigação relacionada com as alegadas interferências russas nas últimas eleições presidenciais.

Mas aquela que foi uma das poucas figuras que foi sobrevivendo aos constantes despedimentos e substituições na equipa do político norte-americano, não sobreviveu a essa e outras polémicas. Além da questão da Rússia, Hope Hicks viu-se envolvida no escândalo de violência doméstica que afetou Rob Porter, secretário da Casa Branca, acusado por duas ex-esposas de agressão física e abuso psicológico.

Hope Hicks foi criticada pela forma como geriu a comunicação em torno deste caso, mantendo-se em silêncio até que as acusações, que Porter nega, vieram a público. Ao mesmo tempo a assessora mantinha uma relação pessoal com o secretário.

A ex-modelo chegou ao cargo que agora abandona em agosto de 2017, sucedendo a Anthony Scaramucci, que ocupou o cargo apenas durante de 10 dias, depois de substituir Steve Bannon, estratega e principal conselheiro de Trump, que se demitira do cargo.

A ligação à família Trump
Hope Hicks começou por trabalhar com Ivanka Trump, na sua marca de roupa, em 2012. O contacto deu-se através da empresa de relações públicas Hiltzik Strategies, onde Hicks trabalhava na altura.

Em 2014, mudou-se para o setor imobiliário e para uma das empresas de Donald Trump, sendo contratada como relações públicas e um ano depois juntou-se à campanha presidencial, como responsável pela relação com os media e a gestão das redes sociais. Hicks geriu mesmo a conta de Trump no Twitter, a rede usada pelo presidente americano para se dirigir aos cidadãos e manifestar publicamente as suas posições.

Além de assessora política, a ex-modelo faz também parte do círculo mais próximo da família Trump, tendo sido uma das poucas pessoas a acompanhar Donald e Melania Trump, Ivanka Trump e Jared Kushner na visita ao Papa Francisco.

Segundo o site Politico, Hicks tem uma relação próxima e de confiança com o presidente americano desde o início da sua carreira política. A assessora é vista como uma “segunda filha”, pelo presidente americano, e tal como Ivanka, não tem medo de dizer o que pensa ao patriarca Trump.

A nomeação de Hicks e a saída de Bannon acontecem poucos dias depois das polémicas declarações de Donald Trump sobre os acontecimentos de Charlottesville. O facto de não ter condenado de imediato os manifestantes de extrema-direita pela violência dos protestos e pela morte de uma contra-manifestante, levaram muitos a criticarem a sua posição, acusando-o de complacência com o racismo e o neonazismo. As críticas não vieram apenas da oposição. Dirigentes republicanos exigiram uma clarificação a Trump e a própria filha, Ivanka, demarcou-se das declarações do pai, condenando abertamente o “racismo, a supremacia branca e os neonazis”.

Ana Tomás