Hope Solo: “Fui despedida e enquanto a federação for a mesma não quero voltar”

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Fotografia de Filipe Amorim / Global Imagens

Hope Solo é uma das melhores guarda-redes de futebol do mundo, mas já não veste a camisola da seleção norte-americana desde o verão do ano passado. No final do jogo em que os EUA perderam para a Suécia através de grandes penalidades, nos quartos-de-final dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro no verão do ano passado, a jogadora chamou “cobardes” às adversárias por terem seguido uma tática demasiado defensiva. Esta atitude levou a Federação de Futebol dos EUA a suspendê-la durante seis meses. No entanto, a atleta veio esta terça-feira a Lisboa, para falar na Web Summit sobre igualdade de género no futebol, e afirmou que foi despedida e não pensa voltar a vestir a camisola do seu país tão cedo.

links_Palmira“Os homens estão sempre a fazer comentários desses. Prefiro pensar em ganhar do que ir para as festas no Rio, como muitos fizeram. (…) Fui despedida e, enquanto a federação for a mesma, não quero voltar. Achavam que podiam silenciar-me, mas tenho falado cada vez mais alto“, afirmou Hope Solo.

Nos EUA, o futebol feminino é mais forte do que o masculino e gera mais lucros. Ainda assim, as desigualdades são bastante visíveis. Para reforçar este facto, a atleta olímpica deu o exemplo de Tim Howard, o guarda-redes da seleção norte-americana. Em 2014, a equipa masculina não passou dos oitavos-de-final durante o mundial e Tim Howard ganhou mais do que Hope Solo, que foi campeã mundial no ano seguinte.

“Nesse ano, ele fez oito jogos e recebeu mais 10% do que eu, que fiz 23 jogos e ganhei o Mundial. Em 2015, a seleção masculina deu um prejuízo de dois milhões, enquanto as mulheres deram um lucro de 20 milhões. Quando vejo estes números fico triste e zangada“, desabafou a guarda-redes norte-americana.

O afastamento da seleção levou Hope Solo a querer levantar a voz e lutar pelos direitos das mulheres. Foi isso que veio fazer a Lisboa. E promete não ficar por aqui.

“Lutar pela igualdade não se trata de feminismo, trata-se de direitos humanos. Tenho de agradecer muito aos clubes europeus que me ofereceram bons contratos para voltar a jogar, mas não senti qualquer apoio dos clubes ou media norte-americanos e eles têm imenso dinheiro, imensos patrocínios. Não há igualdade nos EUA. A maioria dos jogadores vêm de famílias com muito dinheiro”, acrescentou Hope Solo.