‘Hormona do amor’ poderá ajudar a curar doenças como o Alzheimer

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O Alzheimer é uma doença degenerativa que não tem qualquer tipo de vacina ou medicamento eficaz de cura. É uma doença que afeta mais as mulheres do que os homens e embora existam muitos avanços na medicina, ainda é um pouco desconhecida. Mas há um novo estudo que mostra novas possíveis terapêuticas. E envolvem muito amor.

Em testemunho ao Delas.pt, Deolinda Rodrigues partilhou que esta doença é algo que não se deseja “nem a um cão”. E embora existam alguns avanços na medicina, como a descoberta de certas proteínas que podem ajudar a reverter o Alzheimer ou várias iniciativas que tentam promover a maior empatia e conhecimento para com a doença, ainda existe um longo caminho a percorrer, embora os cientistas estudem esta condição há décadas.

Sabemos que esta doença degenerativa aparece com a idade. E, ao que parece, um novo estudo veio afirmar que o Ocitocina, conhecida como sendo a hormona do amor e da felicidade, pode ajudar a reverter a doença. Isto porque as hormonas desempenham um papel importante no desenvolvimento do nosso bem-estar físico e mental. E, assim sendo, a hormona do amor, a ocitocina, pode ajudar no tratamento de pacientes com Alzheimer.

Uma das principais causas da doença de Alzheimer é o acumular de uma proteína chamada amiloide b (Ab), que fica em aglomerados à volta dos neurónios, no cérebro, e que dificultam a sua atividade, desencadeando a sua degeneração. Isto acaba por afetar a memória da pessoa, fazendo com que perca também o controlo sobre alguns movimentos corporais.

Uma equipe de cientistas do Japão, liderada pelo professor Akiyoshi Saitoh, da Universidade de Ciências de Tóquio, analisou a ocitocina e a sua função nestes pacientes. “Recentemente, descobrimos que a ocitocina está envolvida na regulação do desempenho da aprendizagem e da memória, mas, até agora, nenhum estudo anterior alava sobre o efeito da ocitocina no comprometimento cognitivo induzido por Ab”, afirmou no estudo o professor.

Segundo os especialistas, esta hormona tem o poder de “aprimorar as habilidades de sinalização” e afirmam que ela poderá “reverter o comprometimento da plasticidade sináptica que o Ab causa nos pacientes”. Sabe-se que a ocitocina facilita certas atividades químicas celulares que são importantes no fortalecimento do potencial de sinalização neuronal e na formação de memórias – algo que o Ab suprime.

Quando os cientistas bloquearam artificialmente essas atividades químicas, descobriram que a adição de ocitocina não reverteu os danos à plasticidade sináptica causada por Ab. Ou seja, a oxitocina em si não tem nenhum efeito sobre a plasticidade sináptica no hipocampo (neurónios), mas é, de alguma forma, capaz de reverter os efeitos negativos do Ab.

À revista científica Health Shots, o responsável pelo estudo afirmou ainda que “este é o primeiro estudo no mundo que mostrou que a ocitocina pode reverter as deficiências induzidas por Ab no hipocampo de ratos” e que este é apenas um primeiro passo sobre o assunto. Há que aprimorar a teoria em animais, passando posteriormente para os testes humanos.

Atualmente, não existem medicamentos suficientemente satisfatórios para tratar a demência e novas terapias com novos mecanismos de ação são desejadas. O nosso estudo apresenta a possibilidade de que a ocitocina possa ser uma nova modalidade terapêutica para o tratamento da perda de memória associada a distúrbios cognitivos, como a doença de Alzheimer. Esperamos que nossas descobertas abram um novo caminho para a criação de novos medicamentos para o tratamento da demência causada pela doença de Alzheimer”, concluiu.