Hospital de Setúbal vai fechar urgências de obstetrícia durante 21 dias este verão

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[Fotografia: Lisa Fotios/Pexels]

A comissão de acompanhamento criada em resposta à crise nos serviços de urgência de obstetrícia e ginecologia, liderada pelo médico Diogo Ayres de Campos – diretor do serviço de obstetrícia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e presidente da Associação Europeia de Medicina Perinatal – vai reunir-se esta segunda-feira, 20 de junho, com a ministra da Saúde Marta Temido e com as administrações regionais de saúde (ARS).

Começam os primeiros encontros após duas semanas com Portugal a conhecer encerramentos e constrangimentos nos serviços de ginecologia e obstetrícia de hospitais em várias zonas do país. Supressões temporárias e parciais que não vão ficar por aqui.

Na noite de domingo, 19 de junho, o Hospital de Setúbal revelou que prevê fechar as urgências de Obstetrícia 21 dias no verão devido à falta de médicos. “A previsão é que vai haver um agravamento nos próximos meses. Este mês de junho foi uma amostra (…) Por insuficiência na constituição das escalas, tenho nove dias previstos de encerramento para julho, seis para agosto e seis para setembro”, num total de 21, disse José Pinto de Almeida, diretor do serviço de Obstetrícia daquele hospital em declarações à estação de televisão SIC.

Questionado pela jornalista, o responsável frisou que a sua equipa médica está “perfeitamente desfalcada” face ao número de utentes que é previsto atender, uma vez que deviam ter 23 especialistas e só têm oito, “menos de um terço”. Desses oito, apenas sete fazem serviço de urgência, acrescentou.
José Pinto de Almeida disse ainda que as escalas estão feitas “no limite e com muita fragilidade”, de tal forma que “basta faltar um médico especialista para necessitar de encerramento”.

“Estamos muito dependentes de colegas tarefeiros. Neste momento, as nossas escalas recorrem entre 50% a 70% a esses colegas tarefeiros”, afirmou, acrescentando que, este mês, esses colegas mostraram-se menos disponíveis.

O diretor do serviço de Obstetrícia do Hospital de Setúbal classificou este problema de “estrutural” e sublinhou que decorrer “há muito tempo, muito antes do tempo covid”. “É uma carência acumulada, que nunca foi colmatada”, indicou o médico, explicando que os especialistas foram saindo por reforma ou por opção dos hospitais públicos e, no caso do de Setúbal, nunca foram substituídos.

Nos últimos dias, vários serviços de urgência de obstetrícia e ginecologia e bloco de partos de vários pontos do país tiveram de encerrar por determinados períodos ou funcionaram com limitações, devido à dificuldade dos hospitais em completarem as escalas de serviço de médicos especialistas.