Iara Rodrigues estreia novo programa e fala-nos sobre os piores inimigos da alimentação

A nutricionista Iara Rodrigues, que já acompanhou figuras como Cristina Ferreira, estreia no dia 20 de maio, às 21h00, Naturalmente, o seu primeiro programa da culinária, no canal 24 Kitchen.

O programa terá emissão de segunda a sexta-feira e promete transformar pratos do dia-a-dia em opções mais saudáveis – pode conferir algumas hipóteses apresentadas na galeria de imagens acima.

Antes de mais, e talvez para contextualizar, como é que surgiu a paixão pela nutrição?

Estamos a falar de há bastantes anos, há mais de 15. Eu licenciei-me há 10 anos, sendo que esta paixão começou na altura em que ainda não tínhamos o processo de Bolonha, por isso, as licenciaturas eram de 5 anos. Tenho que recuar esse tempo para falar sobre o tema. Eu brinco muitas vezes a dizer que, no fundo, eu não escolhi a nutrição, a nutrição é que me escolheu a mim. E isto porque eu sempre estudei para medicina, para ser médica, e no 12º ano, quando já tinha a média necessária e estava tudo encaminhado para essa área, ouvi falar pela primeira vez em nutrição, numa conversa de praia, literalmente, e onde de alguma maneira já havia uma paixão muito grande pelos alimentos. Eu tinha tido algumas situações familiares e pessoais que me tinham marcado um bocadinho na componente alimentar, neste caso, pela negativa, mas que de alguma maneira me tinha feito aqui alguma ponte para a nutrição já de forma indireta, neste caso por doença. E assim foi nascendo, digamos, uma paixão que se foi manifestando e tive cada vez mais interesse em saber o que isto era.

Então a decisão de enveredar pela área da nutrição começou mal descobriu que existia esta possibilidade, é isso?

Quando soube que existia um curso de Ciências da Nutrição no Porto, que por sinal tinha vários ramos comuns com medicina, achei que era por ali que devia ir. E pensei: ‘ok, isto tem tudo a ver comigo, é exatamente aquilo que eu quero, eu identifico-me com tudo o que consegui ouvir e ler e tentar informar-me sobre o curso mas, no limite, se efetivamente não gostasse e quisesse voltar àquilo que tinham sido os meus objetivos iniciais, já vou com algumas cadeiras que tivessem equivalência’. E acabou por não ser preciso fazer essa troca, porque à medida que os anos passavam eu cada vez mais ia gostando desta área e por isso é que digo que fui escolhida no sentido do acaso. Não só, como digo, por questões familiares e pessoais como por ouvir falar sobre o tema. E já antes gostava muito de cozinhar e apostava muito no manusear alimentos. Já era uma curiosa nata por tudo o que a alimentação fazia no corpo e por ser também um curso que tem muito de saúde e cada vez mais há essa exigência que ‘somos o que comemos’, no sentido do alimento ser o nosso medicamento. E falamos aqui de medicamento no sentido de cura ou tratamento, e de tudo aquilo que a alimentação saudável pode fazer pela nossa saúde e pelo nosso bem-estar. Portanto, de uma forma muito resumida, diria que a nutrição foi uma paixão que surgiu de algo que, naquele momento, estava a ter pela primeira vez contacto e nem evitei em decidir que afinal de contas não vou ingressar por medicina, apesar de sempre ter trabalho para isso, com as minhas médias. Sabemos que na área da medicina temos médias muito altas e eu tinha trabalhado nesse sentido até ter percebido que a minha paixão era outra. E ainda bem.

O seu novo programa Naturalmente vai estrear em maio. Como é que surgiu esta ideia e esta oportunidade?

Esta oportunidade foi dada pela FOX. A convite do Programa que era de um Chef que saiu, o Henrique Sá Pessoa, ele convidou-me para fazer parte de um episódio dele, para dar alguns conselhos de nutrição, neste caso em contexto de consulta, e eu depois desafio o Chef a fazer umas receitas na minha cozinha, na Iara Kitchen, e na altura quem me estava a ver da FOX achou que de alguma maneira eu tinha algum à vontade e que poderia haver ali algum interesse em desenvolver um programa com esta componente mais saudável. Ainda estava muito longe de ser aquilo que acabou por ser, muito embrionário, e portanto o convite veio mesmo por parte da FOX. Eu na altura estava grávida de cinco meses, por isso decidimos que fazia mais sentido avançar depois de ter o meu filho, o Diogo, e não propriamente enquanto estava quase no final da minha gravidez. Nesse percurso de tempo estivemos a trabalhar um bocadinho sobre qual poderia ser a ideia, passou por várias hipóteses, por exemplo sobre marmitas e, no fundo, para tentar responder às necessidades do que as pessoas nos pediam e que, de alguma maneira, poderia haver algum interesse por parte das pessoas queriam. E a FOX e a produtora deste programa, a Coral Europa, encontraram este nome e, em conjunto, encontrámos aqui boas respostas e esperemos que as pessoas vejam o programa e gostem tanto quanto para nós foi interessante fazer esta nossa primeira temporada.

Se tivesse que nomear três alimentos muito importantes para uma alimentação saudável, quais seriam?

Só três? Podem ser grupos? Então grupos. Acho, claramente, que os frutos são uma eterna mais-valia, porque não só nos dão uma componente energética por terem hidratos de carbono simples, neste caso a frutose, que é natural, como por sua vez têm uma riqueza de vitaminas minerais e vários componentes muitos interessantes. Depois tanto funcionam como salgados, por exemplo o abacate, como doces, vamos imaginar a banana que hoje em dia se utiliza em muitas sobremesas, como versões mais saudáveis de gelados. Depois, sou suspeita, os vegetais, porque sou uma amante de vegetais. Ao contrário do que se pode pensar, os vegetais não ficam bem só numa salada, mas sim em tudo, como num assado ou muitas vezes até numa sobremesa, onde se pode usar uma hortícola ou um tubérculo, como a batata-doce, que faz um brownie delicioso. E depois as proteínas, desde as leguminosas às animais. Eu sou omnívora, por isso como um bocadinho de tudo e as proteínas também têm aqui uma importância e relevância muito grande. Dentro das hortícolas também existem os cereais, ou ‘pseudo‘ cereais, como a quinoa ou o amaranto, que são hoje em dia alguns nomes que já nos são mais familiares. E, portanto, se tivesse que escolher escolhia estes três e um que não é considerado alimento mas que é fundamental para nós: a água.

E quais os três alimentos, ou ingredientes, que se poderiam considerar os ‘maiores inimigos’ da nossa saúde?

Essa é mais fácil. A começar pelos brancos: pelo açúcar, pelo sal com tratamento e tudo o que seja mais processado. Embora isto seja uma janela para muita coisa, tudo aquilo que é mais refinado, é mau. Ainda recentemente saiu uma noticia sobre a redução que tem que haver do açúcar e do sal em Portugal, pela importância que isso tem na saúde de todos nós. O sal, fala-se muito das doenças cardiovasculares e com muita pena nossa os portugueses de facto fazem uma ingestão de sal muito acima da considerada ideal. Ainda temos um trabalho muito grande pela frente. Relativamente ao açúcar, acho que todos nós já percebemos o vício que o açúcar se pode tornar, não só porque é quase difícil de dizer que não, neste caso dizer ao cérebro que não goste de determinada coisa, como por sua vez sabe-se os malefícios, e não vou só aos exemplos mais básicos, como cáries e bactérias na boca, vou desde os malefícios de tudo aquilo que são os ingredientes ou os produtos que inserem o açúcar. São ingredientes que geralmente são mais processados, mais refinados, mais manipulados, entenda-se, e esta manipulação abrange também o terceiro grupo de alimentos que eu diria que é preocupante o seu consumo e que inclui também os refrigerantes e tudo o que seja o corante. Portanto aqueles brancos todos, digamos, são um grupo alimentar de risco e que nos podem pôr em risco também.

Percorra a galeria de imagens e veja alguns exemplos de receitas que poderá ter acesso no programa Naturalmente, de Iara Rodrigues.

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