Miguel Vieira apresentou este sábado a coleção outono inverno 2017. O desfile fechou a noite e os quatro dias do Portugal Fashion. Com esta coleção, o criador voltou às suas cores iniciática: o branco e o preto. A escolha é propositada, o criador portuense quer regressar à história que já protagonizou:
“Fiquei conhecido pelo preto e branco. Acho que fazia sentido afirmar-me aqui como um criador em preto e branco”.
A esta imagem de marca, Vieira quer juntar outra: as clássicas silhuetas femininas com cinturas marcadas e as clássicas linhas de alfaiataria nas propostas para homem. É nesta base clássica que um elemento decorativo repetido é, ao mesmo tempo, uma inovação técnica e um rasgo criativo: amarrotado fixo, em algumas partes do tecido que compõem as peças. Miguel Vieira explica ao Delas.pt:
“Tem muitos apontamentos de amarrotado, que faço com uma técnica nova: decido a forma do amarrotado, essa forma entra num molde que fixa o tecido. O tecido não sai mais dali, não perde a forma, e é possível reproduzir esse amarrotado em todas as peças de forma exatamente igual.”
O designer de moda afirma que a inovação tecnológica o inspira muitas vezes. A descoberta de uma nova técnica estimula a criatividade e a aplicação dessa técnica industrial de confeção nas suas peças. A par do amarrotado fixo, uma outra:
“Chama-se aglutinado. É uma sobreposição de tecidos que depois entra numa máquina e que puxa o pelo do tecido de baixo para o de cima.”
O plissado em polipele e pele é a terceira técnica que Miguel Vieira utiliza na coleção apresentada em Nova Iorque. Fruto dessa técnicas, as saias plissadas esvoaçam com uma leveza inesperada para o material de que são feitas: a pele. Ouve-se uma reação imediata na plateia. Qualquer coisa como “Uau”.
O designer gosta de relembrar o passado, a formação em controlo de qualidade têxtil, e afirma vir desse tempo o contínuo interesse pelos materiais – “Sou um apaixonado por tecidos”, diz ele – e pela inovação técnica. Dessa forma, acaba de construir uma coleção cheia de elementos inovadores, com coerência estética, história ou passado, no fundo, com identidade e evolução.