Igualdade salarial: Estes são aos anos mais indicados para ter filhos

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Ser mãe antes dos 25 ou depois dos 35 anos são exatamente os períodos mais aconselháveis para as mulheres que, mediante a maternidade, queiram segurar a igualdade salarial.

Os dez anos de intervalo daquela janela parecem ser os mais problemáticos e os que revelam ser os mais difíceis de vencer. Esta é uma das conclusões da análise levada a cabo em novembro, pelo gabinete norte-americano do Centro do Estudos do Census.

Ora, olhando para o caso português, esta não parece ser uma boa notícia. Num país em que a idade média de maternidade das mulheres continua a aumentar, certo é que tem sempre permanecido na janela etária referenciada. Em 2016, a idade média das mulheres face ao nascimento do primeiro filho estava nos 30,3 anos. De acordo com os dados da Pordata (cuja evolução pode consultar ao detalhe aqui) e numa resumida retrospetiva, em 2000, a idade média situava-se nos 26,5 anos e, nos anos 90 do século passado, nos 24,7 anos.

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A par deste valor, é ainda de relevo vincar que a desigualdade salarial de género que se verifica em Portugal. Em novembro de 2017 e segundo um estudo apresentado pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, elas ganhavam, em média, 825 euros face a 990 auferidos pelo sexo masculino (conheça mais conclusões aqui).

De volta ao estudo norte-americano e numa realidade em que os casais têm cada vez mais percursos e habilitações literárias de níveis equiparáveis, gerando, ainda sim, rendimentos nem sempre igualitários, certo é que a chegada de um primeiro filho faz disparar a desigualdade a desfavor do sexo feminino. Segundo a mesma investigação, esse desfasamento duplica quando se assiste ao primeiro parto, à chegada do primeiro filho ao agregado.

Efeitos do nascimento do primeiro filho sobre os rendimentos, por género, por tempo [Fonte: Estudo Census EUA]

Contas feitas, a análise estima que a desigualdade suba dos 12.600 para os 25.100 dólares anuais (de 10.200 para 20 mil e 300 euros).

Dez anos para começar a encurtar distâncias… e não chegam!

O estudo identifica que a maioria das mulheres que têm seu primeiro filho entre 25 e 35 anos precisam de uma década para começar a vencer a lacuna salarial. Ou seja, quando o primeiro filho apaga as 10 velas do bolo de aniversário, talvez as mães tenham conseguido receber um presente: começar a encurtar a diferença de rendimentos laborais face ao pai. Mas, ainda assim, a investigação reitera que a recuperação nunca será total. Mesmo quando estamos a falar de famílias em que ambos progenitores trabalham a tempo inteiro.

Ser mulher e ter mais habilitações significa apenas que vai pagar mais alta esta lacuna porque o estudo aponta para o facto de a desigualdade não ser tão manifesta nas mulheres com baixos rendimentos.

Porém, atenção: as mulheres que têm seu primeiro filho com menos de 25 anos ou após os 35 anos de idade não têm garantida a escapatória à desigualdade. Ela demonstra ser apenas ligeiramente menos evidente.

Disparidade salarial dos pais face à idade da mãe aquando do nascimento do primeiro filho [Fonte: Estudo Census EUA]

“As mulheres que têm filhos entre os vinte e poucos anos e os trinta e poucos anos têm uma carreira mais penalizada do que aquelas que optam pela maternidade numa altura em que a carreira está apenas a começar ou quando já está estabelecida”, lê-se no documento.

Que soluções?

Esta análise norte-americana recomenda soluções iniciais para tentar colmatar a disparidade: “Para reduzir o hiato salarial entre homens e mulheres, pode-se atentar ao tamanho do aumento inicial da lacuna no momento do parto ou diminuir a persistência desse choque salarial.

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“O estudo (que pode ler no original e na íntegra aqui) traz duas contribuições importantes para a vasta literatura já existente sobre a diferença de ganhos entre os géneros. A primeira decorre da diferença salarial entre os progenitores no momento em que o filho nasce”, começa por ficar explanado nas conclusões da investigação. Quanto ao segundo ponto, é trazido agora à luz “um exame detalhado da trajetória dessa lacuna ao longo do tempo”, demonstrando que “o fosso entre os ganhos parentais do género aumentam durante o ano de nascimento e no ano seguinte”.

Uma tendência que não se inverte nos anos que se lhe sucedem, mas que cresce “a uma taxa muito mais lenta”. A chegada de um segundo ou mais filhos impulsiona aquela mesma lacuna. As conclusões da análise vincam que a taxa de recuperação salarial das mulheres foi variando ao longo de décadas e que é distinta mediante grupos socioeconómicos e raciais.

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