Imigração: May e Merkel não concordam com Trump

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Fotografia de Kevin Lamarque/Reuters

A primeira-ministra britânica, Theresa May, “não concorda” com a proibição temporária imposta pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à entrada de cidadãos e refugiados de vários países de maioria muçulmana, disse um porta-voz oficial citado pela imprensa.

“A política de imigração nos Estados Unidos é um assunto do governo dos Estados Unidos, tal como a política de imigração do nosso país deve ser estabelecida pelo nosso governo”, disse o porta-voz de de Downing Street numa declaração.

“Mas não estamos de acordo com este tipo de abordagem e não a vamos adotar”, acrescentou.

O porta-voz de May disse ainda que estão “a estudar esta nova ordem executiva para ver o que significa e quais são os efeitos jurídicos, e em particular quais são as consequências para os nacionais do Reino Unido”.

Numa ordem executiva assinada na sexta-feira, Donald Trump suspendeu a entrada de refugiados nos Estados Unidos por pelo menos 120 dias e impôs um controlo mais severo aos viajantes oriundos do Irão, Iraque, Líbia, Somália, Síria e Iémen durante os próximos três meses.

A primeira-ministra britânica acrescentou que o Reino Unido vai apoiar os seus cidadãos se eles forem afetados pelas novas medidas.

Theresa May emitiu a declaração depois de ter sido alvo de críticas no seu país, incluindo de figuras políticas conservadoras, por não ter condenado a nova política de imigração dos Estados Unidos quando foi questionada pelos jornalistas no sábado em várias ocasiões durante a sua visita oficial à Turquia.

Nessa viagem, May só declarou a respeito que “os Estados Unidos são responsáveis pela política dos Estados Unidos sobre os refugiados”.

A imprensa britânica afirma que o decreto assinado por Trump pode afetar os britânicos com dupla nacionalidade com os países afetados, citando, entre outros, o medalhado olímpico Mo Farah.

O deputado britânico conservador Nadhim Zahawi disse, no sábado à noite, que se encontra impedido de entrar nos Estados Unidos, devido às restrições à imigração decretadas pelo presidente norte-americano Donald Trump.

Nadhim Zahawi, militante do partido da primeira-ministra Theresa May, disse ter confirmado que nem ele, nem a mulher, ambos de origem iraquiana, podem entrar nos Estados Unidos da América, enquanto vigorarem as restrições à entrada de cidadãos de países muçulmanos, entre os quais se encontra o Iraque, embora sejam detentores de passaportes britânicos.

“Este é um dia triste, por me sentir como um cidadão de segunda classe. Um dia triste para os EUA”, escreveu Zahawi, na sua página oficial no Twitter.

A deputada trabalhista Yvette Cooper foi uma das figuras que criticou a primeira-ministra britânica, por esta se ter recusado a criticar as disposições anti-imigração de Trump, afirmando que tal facto “envergonha a Grã-Bretanha”.

A jovem paquistanesa Malala Yousafzai, baleada na cabeça em 2012 para parar a sua campanha pela educação das meninas e uma das vencedoras do Prémio Nobel da Paz de 2014, disse que tem o coração despedaçado pela proibição de os refugiados entrarem nos Estados Unidos durante quatro meses.

Para Merkel, esta decisão de Trump é errada

Este domingo, um porta-voz da chanceler Angela Merkel afirmou que a líder alemã acredita que a proibição de entrada nos EUA por parte de imigrantes vindos de determinados países muçulmanos é errada, noticiou a AP.

Já a agência noticiosa alemã, a DPA, citou o porta-voz Steffen Seibert, que referindo-se a Merkel, disse: “Ela está convencida que mesmo a necessária e decidida luta contra o terrorismo não justifica colocar pessoas de uma determinada orientação religiosa sob suspeita generalizada”.

Angela Merkel e Donald Trump falaram, no sábado, ao telefone pela primeira vez desde a tomada de posse do novo Presidente americano.