Com temperaturas corporais a atingir os 42 graus devido à onda de calor que se abate, não há tempo a perder: o risco de morte é iminente. Esta tem sido uma realidade dura com a qual se tem confrontado a população de Nova Deli, Índia, que tem sofrido ondas de calor cada vez mais frequentes, longas e intensas, algumas com picos de temperatura a rondar os 50º.
Um problema que já está a levar os hospitais a reestruturarem-se. Um deles criou, em maio, um primeiro serviço de emergência só para receber e tratar doentes vítimas de hipertermia (calor a mais). “Nos meus treze anos de carreira aqui no hospital, não me lembro de ter assinado uma certidão de óbito por insolação. Este ano, assinei várias”, afirmou à BBC o médico Ajay Chauhan, que exerce no Hospital Ram Manohar Lohia.
Entre maio e junho, mais de 70 pacientes foram internados em estado limite e, entre março e junho, as ondas de calor na Índia causaram mais de 40 mil casos de insolação e mais de uma centena de mortos, como reportou o ministério da Saúde indiano à data.
Protocolo: banheira de gelo picado e suporte respiratório
As admissões de pacientes com temperaturas corporais de 42 graus indicam que todos os segundos contam uma vez que, “a essa temperatura, o corpo humano começa a parar de funcionar, as células deterioram-se e há risco de falência de certos órgãos”, entre eles fígado e rins e eventuais hemorragias como detalha o médico Ajay Chauhan, falando em sintomas como vómitos, diarreia e até ataques epiléticos.
O protocolo passa por mergulhar de imediato os doentes em banheiras de cerâmica com gelo picado, entre zero e 5°C para fazer baixar rapidamente a temperatura. “Quando mergulhamos esses pacientes numa banheira gelada, temos de manter as cabeças fora de água porque a maioria deles já está inconsciente”, especifica a médica Seema Balkrishna Wasnik citada pelo jornal The Indian Express. Um processo que dura 20 a 30 minutos, sendo os pacientes depois reencaminhados para suporte respiratório.