Marta Ortega: Eis os dois desafios da mulher mais poderosa da ‘moda rápida’

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[Fotografia: EPA/CABALAR]

Tem 38 anos e há 16 que trabalha no grupo Inditex, o gigante da moda que detém a Zara, a Massimo Dutti e tantas outras marcas. Marta Ortega, filha do multimilionário espanhol Amancio Ortega, tornou-se nesta sexta-feira, 1 de abril, na mulher mundialmente mais poderosa da fast fashion (moda rápida, em tradução literal).

Nascida a 10 de janeiro de 1984, Marta Ortega é a mais nova dos três filhos de Amancio Ortega e única do casamento deste com a segunda esposa Flora Peréz. A agora presidente tem ocupado vários cargos no grupo desde 2007.

Está casada com o antigo manequim Carlos Torretta, o casal tem uma filha em comum, nascida em março de 2020. A agora presidente é também mãe de Amancio, fruto de uma relação anterior.

Descrita como discreta e reservada, foi sempre vista como a sucessora natural do seu pai e diante de um império de 6.500 lojas e 174.000 funcionários.

Após estudar em um colégio católico na Galiza e num prestigiado colégio privado na Suíça, graduou-se, em 2007, na European Business School de Londres, cidade onde daria os primeiros passos, disfarçada, no grupo familiar, como vendedora de uma loja Zara. Tendo sido a sua identidade denunciada pelo uso de um relógio Rolex, segundo revelou a imprensa espanhola.

Marta Ortega, a residir na Corunha, trabalha na Inditex a partir da Galiza, supervisionando o design e impulsionando a marca, mas sem ter ocupado qualquer posto executivo ou dirigido uma filial. “Cresceu imersa na empresa” e, durante sua carreira, “estabeleceu muitos vínculos com o mundo da moda”, disse à AFP Alfred Vernis, professor na escola de comércio Esade e ex-executivo do grupo têxtil.

A herdeira do gigante da moda mundial receberá anualmente 1 milhão de euros (US$ 1,1 milhão) pelas suas funções à frente da Inditex, “foi muito bem preparada” e “está bem cercada”, ressaltou Vernis. Recorde-se que dois dos tios de Marta ocupam postos de direção em marcada da empresa: um à frente da Zara e o outro da Massimo Dutti.

A filha de Amancio Ortega vai ocupar a presidência do grupo, e não sua direção-geral, na qual estará Óscar García Maceiras, ex-Banco Santander. “Será ele que deverá tomar as decisões executivas”, embora “ela vá ter de desempenhar um papel” diante dos desafios que o grupo vai enfrentar, acrescentou Vernis.

Fundado em 1985, por Amancio Ortega, filho de um trabalhador ferroviário que tornou-se no homem mais rico da Espanha, o grupo Inditex, líder mundial do segmento de “fast fashion”, prepara-se para um 2022 complicado, principalmente pela guerra na Ucrânia, que a levou a suspender as atividades de 502 lojas russas e 79 ucranianas.

O grupo também está a lidar com a urgência de se se tornar verde, de reduzir o impacto ambiental numa indústria – a têxtil – que é uma das principais poluidoras do mundo. Para atingir esta meta, porém, “há um caminho para percorrer”, adverte Vernis, acrescentando que a estratégia “terá um custo” para a Inditex. A Europa aprovou já um diploma que visa a moda rápida e exatamente neste sentido.

Com agências