Inês Henriques: há 25 anos a trabalhar e a lutar pelo ouro

Mais do que sonhar, desde os 12 anos que Inês Henriques trabalha afincadamente para conseguir um lugar ao sol no mundo do desporto. Este domingo, 13 de agosto, a atleta conquistou a consagração máxima e mundial – em Londres e na prova de 50 km marcha – ao vencer a competição e a superar-se a si própria, conseguindo a melhor marca mundial. Curiosamente, o melhor tempo já era seu desde janeiro deste ano, conquista que teve lugar em Porto de Mós, na zona centro do país.

“Foi fantástico, não consigo descrever em palavras aquilo que estou a sentir. Isto é a recompensa de 25 anos de trabalho, do meu treinador Jorge Miguel e da minha equipa de Rio Maior”, afirmou, no final da prova.

A medalha de ouro conquistada, este domingo, nos Mundiais de atletismo e o recorde mundial nos 50 km marcha são, por isso, fruto de ” de 25 anos de trabalho”, disse a portuguesa Inês Henriques.

Recorde-se que esta foi a primeira vez que mulheres participaram nesta modalidade [estava-lhes apenas reservada a prova dos 20 km marcha], até agora exclusivamente masculina. E numa estreia como esta, é a portuguesa que traz a medalha para casa e coloca Portugal nas bocas do mundo, pelas melhores razões.

Na galeria acima, clicando sobre as setas, recorde alguns dos momentos altos da carreira da atleta.

[Fotografia: Reuters]
Para a atleta, de 37 anos, o feito é “extraordinário”, mas alcançado com dificuldade.
“Os últimos quatro quilómetros foram muito duros, mas eu comecei a fazer contas e [pensei]: ‘Só tens de acabar tranquila’. Não podia fazer muito mais esforço em termos musculares, foi mesmo gerir até ao fim”, revelou.


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A atleta do CN Rio Maior, de 37 anos, foi cronometrada em 4:05.56 horas, pulverizando o seu recorde mundial, que estava fixado nas 4:08.25 horas e datava de 15 de janeiro de 2017, em Porto de Mós.

A marchadora agradeceu aos vários portugueses que a apoiaram ao longo do circuito, junto ao palácio de Buckingham. “Estava quase em casa, porque ouvia muitos, muito portugueses”, declarou.

Até chegar a Londres, Inês Henriques tinha no currículo três participações olímpicas, a última das quais no Rio2016, onde alcançou o 12.º posto nos 20 km marcha. A atleta conta ainda um sétimo posto nos Mundiais de 2007 e um nono nos Europeus de 2010, sempre na distância dos 20 km.

O pódio nos Mundiais de Londres foi completado com duas atletas chinesas: Hang Yin, prata, com 4:08.58, e Shuqing Yang, bronze, com 4:20.49.

Mulher que ‘obrigou’ Mundiais a incluir a prova foi desclassificada

A atleta norte-americana Erin Talcott, cuja ameaça de um processo à Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) obrigou à inclusão nos Mundiais da prova feminina dos 50 km marcha, foi desclassificada nesta especialidade dos Mundiais de Londres.

Talcott, desclassificada logo aos oito quilómetros de prova, quando o cronómetro marcava 43 minutos, era uma das sete mulheres pioneiras que correram a prova na manhã deste domingo, juntamente com a portuguesa Inês Henriques, recordista mundial da distância, com 4:08.26 horas.

A norte-americana ameaçou a IAAF com um processo junto do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) porque entendia que as mulheres também tinham direito de disputar os 50 km marcha, numa altura em que as atletas femininas integravam apenas o programa dos 20 km.

A 12 dias do inicio dos Mundiais de Londres, a IAAF decidiu incluir a prova dos 50 km nos Mundiais de Londres, colocando o grupo de sete mulheres a correr com os homens.

Imagem de destaque: Reuters