As acusações do PAN à AD de desvalorizar os direitos das mulheres aqueceram o debate entre os dois líderes, com Inês Sousa Real a criticar Luís Montenegro por aceitar na coligação “alguém que ache legítimo bater numa mulher”.
“Não podemos aceitar que a AD traga para o século XXI valores do século passado, alguém que ache legítimo bater numa mulher, o PAN só pode distanciar-se de um sinal muito negativo”, afirmou a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, numa alusão implícita a declarações proferidas publicamente pelo líder do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, que integra, juntamente com PSD e CDS-PP, a Aliança Democrática (AD).
Na resposta, o presidente do PSD distanciou-se destas declarações do parceiro da coligação, que disse não conhecer antes de terem sido reproduzidas na comunicação social. “Não me revejo, lamento que essas declarações tenham sido proferidas e estou convencido que o próprio está arrependido”, disse, considerando “abusivo transportar para a AD” qualquer complacência sobre este tema.
Inês Sousa Real insistiu que o voto na AD seria um voto para “silenciar as mulheres”, queixando-se de estar a ser interrompida no debate pelo líder do PSD, com Montenegro a apelar para não utilizar a sua condição feminina para se vitimizar.
O líder do PSD acusou a porta-voz e deputada única do PAN de estar descontextualizada, assegurando que não existe no programa da AD qualquer “desvalorização da condição da mulher”.
“Tenho defendido um especial enfoque na reformulação das urgências e, dentro destas, nas urgências de obstetrícia precisamente a pensar na saúde materna, área na qual resultados da governação do PS, ao qual a Inês Sousa Real se associou, são trágicos”, acusou, assegurando que a AD defende um combate “sem complacência” à violência doméstica.
O tom tenso entre os dois líderes partidários manteve-se ao longo de todo o debate, também na questão dos direitos dos animais, com Sousa Real a acusar a AD de continuar a defender uma “atividade anacrónica” como as touradas.
Montenegro contrapôs que a primeira lei de proteção dos animais tem o cunho do PSD, em 1995, tal como a que criminalizou os maus tratos a animais de companhia, em 2014, acusando a líder do PAN de ver no programa da AD “aquilo que não está lá”, também na área do ambiente.
“Era só o que faltava que a Inês Sousa Real e o PAN quisessem tomar conta de um legado que é nosso, isso é usurpação de legado”, acusou, evocando o trabalho de antigos governantes do partido nesta área como Carlos Pimenta, Jorge Moreira da Silva ou José Eduardo Martins.
Com Lusa