Influencer que calou birra da filha com banho de água fria vai ter de cumprir pena

Inicio do Julgamento da Influencer Joana Mascarenhas
Influenciadora Joana Mascarenhas à chegada ao tribunal [Fotografia: Álvaro Isidoro/Arquivo]

Dois anos e meio de prisão, suspensos na sua execução por três anos, e mil euros de indemnização à filha menor por ter sido mergulhada em água fria quando fazia uma birra. Joana Mascarenhas, a influencer de 36 anos que usou as redes sociais para, em 2023, revelar a sua tática para lidar com amuos infantis viu reconfirmado o crime de violência doméstica e a pena decretada em primeira instância, no Tribunal Local Criminal de Lisboa.

Segundo o acórdão, a que a Lusa teve acesso, a mulher foi punida pelo Tribunal Local Criminal de Lisboa, em outubro de 2024, a dois anos e meio de prisão, suspensos na sua execução por três anos, por um crime de violência doméstica. A arguida, de 36 anos, ficou ainda obrigada a indemnizar a criança em mil euros.

No julgamento, ficou demonstrado que, com objetivo que a filha parasse de fazer birra, a influencer mergulhou, numa primeira ocasião, a menina até ao queixo na piscina do prédio onde residem, e, dias depois, a molhou com água fria, de madrugada e com o pijama vestido, num chuveiro de casa.

No recurso para a TRL, a defesa da arguida alegou que “não há qualquer prova” de que esta sabia que estava a maltratar a criança, tendo agido convencida, devido a um texto que lera na Internet, de que a água tem propriedades relaxantes. O argumento foi, contudo, rejeitado pelo TRL.

“Não é crível que algum pai ou alguma mãe medianamente cuidadoso/a, empático/a e preocupado/a para com o seu filho acredite que esteja aqui perante algo inócuo, bom ou lícito”, sustentam, no acórdão datado de 20 de fevereiro, os juízes desembargadores.

Influencer Joana Mascarenhas que revelou nas redes sociais que mergulhava a filha em água fria para travar as birras [Fotografia: Captura de ecrã]
Influencer Joana Mascarenhas que revelou nas redes sociais que mergulhava a filha em
água fria para travar as birras [Fotografia: Captura de ecrã]
Ainda assim, os magistrados acederam a três alterações pontuais nos factos dados como provados, ressalvando que nenhuma interfere “de forma significativa” no que tinha sido determinado pelo Tribunal Local Criminal de Lisboa. Entre os atos adicionados, está a explicitação de que “a arguida mantém com a filha uma relação que em geral é de afinidade amorosa e carinhosa”.

O caso foi tornado público depois de em julho de 2023 a influencer ter divulgado nas redes sociais a forma como travara as birras da filha. No julgamento, ficou provado que foram atos isolados e que a criança não ficou com sequelas psicológicas da violência sofrida.

LUSA