Informação sobre exercício físico nos rótulos dos alimentos?

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Sabia que são precisos 42 minutos a andar ou 22 a correr para eliminar as calorias presentes numa tablete de chocolate normal? Ou que ‘queimar’ um pacote de batatas fritas obriga a 31 minutos de marcha, o mesmo que uma taça de cereais? Provavelmente não. Mas é este o tipo de informação que a britânica Royal Society for Public Health (RSPH), uma organização privada que se dedica à promoção de estilos de vida saudáveis, quer ver presente nos rótulos dos alimentos.


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A sugestão foi feita por Shirley Cramer, presidente executiva da RSPH, num artigo publicado na revista científica The BMJ. E tem um grande objetivo: a redução das taxas de obesidade. Um problema no Reino Unido, mas também por cá, onde se contam 24% de adultos obesos e 59% em situação de excesso de peso. A luta contra esta epidemia, garante Cramer, poderia ser feita através de um reforço da informação constante nos rótulos dos alimentos, que incentivaria as pessoas a mudar os seus comportamentos e optar por escolhas mais saudáveis.

“São desesperadamente necessárias iniciativas inovadoras para mudar o comportamento ao nível da população”, refere a especialista. Esta seria uma dessas inovações, que faria com que “as pessoas tivessem mais consciência sobre a energia que consomem e sobre a forma como estas calorias se relacionam com as atividades da sua vida quotidiana, incentivando-as a serem mais ativas fisicamente”.

Uma boa ideia, refere ao Delas.pt Liliana Oliveira, do Movimento 2020, um projeto da Associação Portuguesa de Dietistas que visa a promoção e implementação das boas práticas no que respeita à saúde alimentar e hábitos de vida saudável, que a considera “uma maneira simples para as pessoas entenderem exatamente aquilo que estão a consumir”.

“Algumas pessoas não percebem a implicação do valor calórico dos alimentos no seu dia-a-dia. Assim sendo, esta torna-se uma forma mais fácil para entenderem o exercício que é necessário praticar quando consomem determinado tipo de alimentos”, diz Liliana Oliveira.

Ao mesmo tempo que pode servir para “consciencializar os consumidores para a prática desportiva, uma vez que irá incentivá-los por forma a promover o gasto da energia consumida”, pode ainda levar as pessoas “a consumir alimentos mais saudáveis, já que estes, ao terem, uma menor densidade energética, serão mais facilmente gastos através do exercício físico”.

Aumentar a prática de atividade física é, de resto, um dos desafios do Movimento 2020, a que se juntam outros que, segundo refere Liliana Oliveira, podem também ser auxiliados por esta medida, como o aumento, de forma indireta, “do consumo de frutas e vegetais, do consumo de leguminosas, de pescado, de produtos nacionais, a redução do consumo de açúcar, de sal e de gorduras, uma vez que os irá sensibilizar para a compra de alimentos mais saudáveis e de menor densidade energética”.