Insultos: As mulheres já usam mais a palavra f***** do que os homens

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Insulto [Fotografia: Shutterstock]

Os palavrões e os insultos sempre fizeram parte da linguagem. De todas as linguagens. Mas estão a conquistar terreno junto do sexo feminino. É que, segundo um estudo britânico atualizado em 2017, as mulheres passaram a usá-los muito mais no seu discurso, e até mais do que os homens. Esta é um dos factos que levou Manuel S. Fonseca a editar O Pequeno Livro dos Grandes Insultos, pela Guerra e Paz Editores.

“Apesar de não ter evidências científicas do uso do insulto e dos palavrões em Portugal, recorro a um estudo britânico para explicar que as mulheres estão a usá-los cada vez mais”, começa por explicar o autor e editor ao Delas.pt.

[Fotografia: Guerra e Paz Editores]

De acordo com a pesquisa que fez para o livro que agora publica (e que contém linguagem que pode ser considerada ofensiva), Manuel S. Fonseca considera que há dois tipos de insultos dominantes. “Grande parte deles visam atacar a virilidade masculina. O feminino também é muito explorado e atinge, sobretudo, o último reduto afetivo que é a mãe”, analisa. Uma escolha que “não tem tanto o objetivo de ferir a mãe em si, mas ferir através dela, de humilhar”, refere Manuel S. Fonseca.

Entrar no mundo da linguagem ‘à gajo’

A investigação científica a que Manuel S. Fonseca se refere – apoiada pelo Economic and Social Research Council – revela que, no ano passado, “em meio milhão de palavras ditas, as mulheres usam o termo sonoro f**** 546 vezes, contra 540 dos homens”, lê-se na obra agora publicada. Comparando com há duas décadas, no mesmo livro pode ler-se que a mesma expressão “era repetida mil vezes pelos homens em cada milhão de palavras ditas, contra 167 das mulheres”.

“Elas estão mesmo a usar cada vez mais os insultos, quase como se fosse parte integrante de uma sororidade (irmandade)”, analisa o autor.

Uma comunicação cada vez mais ‘à gajo’ que responde a uma das funções deste tipo de linguagem recheada de palavrões: “os insultos tiveram sempre um forte componente de grupo, de aproximação das pessoas de um determinado grupo, muitas vezes usados como forma de repor afetos”, conta ao Delas.pt, acrescentando: “um dos fatores do insulto é mesmo a cumplicidade”.

Não estamos a falar de piropos, mas de insultos