A presidente da Women’s March Foundation, Emiliana Guereca, disse que não há planos para o regresso da Marcha das Mulheres em Los Angeles como protesto pela eleição de Donald Trump, ao contrário do que aconteceu em 2017.
A 21 de janeiro de 2017, a marcha em Los Angeles foi a maior do país, levando 750 mil pessoas às ruas contra o recém-empossado presidente Donald Trump. “Eu sei que toda a gente quer que marchemos. Ainda não tomámos a decisão de marchar”, afirmou a responsável, numa reunião pós-eleição para discutir os próximos passos.
“É uma iniciativa incrivelmente dispendiosa e que consome muito tempo”, justificou Guereca. O custo ronda os 200 mil dólares e a organização sediada em Los Angeles pondera canalizar os seus esforços para lutas mais substantivas durante a administração que aí vem.
A realidade será diferente em Washington, D.C., onde a Women’s March Inc., que é independente da fundação em LA, pretende organizar um protesto no dia 18 de janeiro de 2025. O pedido de autorização à cidade indica a expectativa de 50 mil manifestantes, o que é muito inferior ao que aconteceu na marcha inaugural em 2017.
Considerado o maior dia de protesto de sempre nos Estados Unidos, a marcha em D.C. teve meio milhão de participantes e a marcha em Nova Iorque levou 400 mil pessoas para as ruas, além das 750 mil em LA.
Mas agora, que o país se prepara para o regresso de Donald Trump à Casa Branca, Emiliana Guereca e o conselho de administração da fundação não têm planos para o regresso do protesto maciço a Los Angeles.
“A parte devastadora para nós é que as pessoas elegeram Trump e disseram não de forma retumbante a uma candidata feminina, e isso tem de ser reconhecido”, indicou Guereca. “As pessoas disseram não a uma mulher pela segunda vez. Podem negar, mas ela ser mulher foi uma grande parte disto”.
A fundação tem recebido muitos pedidos para que a marcha volte a acontecer e ativistas presentes na reunião insistiram na necessidade de mobilizar a resistência.
Guereca disse que a possibilidade de uma marcha ainda não foi totalmente posta de parte, mas que a equipa que passou os últimos quatro meses a trabalhar para eleger candidatos progressistas tem de ponderar se vale a pena.
A presidente salientou que há uma dose de aceitação que tem de acontecer. O partido democrata – ao qual a Women’s March não está afiliado mas com que colabora – devotou milhões de dólares e recursos a zonas rurais e isso não teve efeito.
“Nestas zonas rurais é ele quem as pessoas querem eleger. A um certo ponto temos de refletir o que é que este candidato e as suas políticas têm que faz as pessoas votarem nele”, disse. “É ele que a comunidade está a escolher para seguir em frente”.
A Marcha das Mulheres requer uma equipa paga, autorização da cidade, seguros com custos elevados, segurança e equipa de limpeza. “Neste momento, não quero alocar recursos a uma marcha a não ser que tenha de o fazer”, frisou Guereca.
A organização está também a defender-se de processos legais vindos de todos os lados, desde o Kansas e Florida até à congressista da Geórgia Marjorie Taylor-Greene. A expectativa é que a situação piore sob a administração Trump, que prometeu retaliação generalizada aos oponentes.
Reconhecendo que a equipa está devastada com a derrota de Kamala Harris, Emiliana Guereca elogiou o trabalho feito pela candidata e a missão difícil que teve de montar em quatro meses uma campanha que precisava de dois anos.”Harris fez a melhor campanha possível em quatro meses”, afirmou. “Não houve tempo para construir uma campanha que chegasse a mais eleitores”.
A Women’s March Foundation é uma entidade separada da Women’s March Inc., que é responsável pela marcha em Washington, D.C. Foram fundadas ao mesmo tempo mas têm conselhos e iniciativas independentes. O presidente-eleito Donald Trump será empossado a 20 de janeiro de 2025.
LUSA