Irmã do fundador do Facebook critica as redes sociais

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Donna Zuckerberg, irmã do fundador do Facebook Mark Zuckerberg não tem dúvidas: “As redes sociais elevaram a misoginia a novos níveis de violência e virulência”. Em entrevista ao The Guardian, a especialista em Classicismo, de 31 anos, formada na Universidade de Princeton, é a única de quatro irmãos que não trabalha na área da tecnologia, o que lhe tem permitido olhar de fora para os comportamentos expressos nas redes sociais, e a levou a notar e analisar um fenómeno que veio a descrever de “homoesfera” (“manosphere”).

Esse espaço que se formou nas redes sociais junta, segundo Donna Zuckerberg, comunidade de playboys (pickup artists, em inglês), que vivem para conquistar sexualmente as mulheres e vangloriarem-se disso, grupos de ativismo masculino, membros do Incel (grupo de homens involuntariamente celibatários) e a extrema-direita. O tópico comum: a misoginia e o discurso de ódio contra as mulheres e o feminismo.

“Começou como curiosidade, mas ganhou vida própria”, diz ao jornal britânico Donna Zuckerberg, que analisou a forma como esses grupos estão a ir buscar referências estéticas da antiguidade grego-romana para fundamentar as suas teses.

“Há comunidades online que existem sob o chapéu daquilo que conhecemos como Red Pill, que são homens conectados por ressentimentos comuns contra mulheres, imigrantes e pessoas de cor. O que me surpreendeu foi perceber que eles chegam ao ponto de usar figuras da Grécia e da Roma antiga para promover um ideal de masculinidade branco.”

Desvirtuar e descontextualizar textos clássicos e recuperar tempos profundamente misóginos e violentos contras as mulheres são, segundo a irmã de Mark Zuckerberg, truques utilizados por esses grupos. E tudo isso tem sido agravado pelas redes sociais.

“Sem dúvida nenhuma que as redes sociais permitem que isto aconteça. Criaram a oportunidade para os homens e os ideais antifeministas para transmitirem os seus pontos de vista a mais pessoas do que nunca – e espalhar teorias da conspiração, mentiras e desinformação”, conclui.

AT

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