Irmãos ‘bullies’ têm e promovem pior saúde mental na adolescência

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[Fotografia: Istock]

A intimidação, o ataque e provocação sistemáticos de um irmão sobre outro podem vir a desencadear problemas de saúde mental e de autoaceitação no futuro.

O bullying dentro de portas e ainda na infância pode implantar riscos severos de autoestima na adolescência. A conclusão parte de um estudo elaborado pela Universidade de York, no Reino Unido, e que coligiu e analisou dados de mais de 17 mil pessoas.

Os investigadores estabeleceram uma relação segundo a qual, à medida que a frequência do bullying entre irmãos aumenta durante o início da adolescência, também a gravidade dos problemas de saúde mental no final daquela fase ganha renovada e preocupante dimensão.

E se se pensa que nesta matéria as sequelas sobre a vítima são distintas e mais gravosas do que para o agressor, o estudo vem dar pistas de que poderá não ser bem assim, sobretudo porque há sempre margem para inversão de papéis, e com alguma regularidade.

“Digno de nota foi a descoberta de que mesmo aqueles que intimidaram os seus irmãos, mas não foram intimidados tiveram resultados de saúde mental mais fracos anos depois”, refere o coordenador do estudo publicado no Journal of Youth and Adolescence (que pode ser consultado no original aqui). Para o coordenador do departamento de Diversidade Neurocomportamental na Infância e Adolescência daquela universidade, Umar Toseeb, “embora o bullying entre irmãos tenha sido anteriormente relacionado a maus resultados em matéria de saúde mental, não se sabia se havia uma relação entre a persistência do bullying entre irmãos e a gravidade dos resultados de saúde mental, a longo prazo”. Agora, ela surge estabelecida pela análise longitudinal dos dados.

Por isso, os investigadores recomendam que os serviços de saúde mental para os jovens se concentrem especificamente em abordar e reduzir os casos de intimidação e agressão persistente e recorrente entre irmãos.

Os participantes envolvidos nesta pesquisa, irmãos aos 11 e 14 anos, responderam a perguntas sobre as experiências pessoais com bullying. De seguida, cada entrevistado respondeu a um questionário de saúde mental aos 17 anos.

Os pais de cada jovem também preencheram inquéritos sobre a saúde mental dos filhos com 11, 14 e 17 anos. “No primeiro estudo deste tipo, investigamos de forma abrangente uma ampla gama de resultados de saúde mental, que incluíam medidas de saúde mental tanto positivas – por exemplo, bem-estar e autoestima – quanto negativas, onde se inclui o sofrimento psicológico”, refere o mesmo coordenador.