Isabel Figueira fala de violência doméstica

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Isabel Figueira [Fotografia: Divulgação]

Aos 38 anos, Isabel Figueira dá vida a uma mulher que sofreu de violência doméstica às mãos do marido. Luísa, a nova personagem da atriz na série da TVI Amar Depois de Amar, sofreu década e meia e acabou por sair de casa depois de ver o companheiro a começar a bater no filho. “Tem sido muito duro, a personagem tem uma componente muito forte, e quando falo nisto comovo-me sempre”, diz ao Delas.pt.

A atriz lembra que a sua Luísa “aparece sempre uma imagem muito carregada, fruto de 15 anos de violência doméstica, ainda que, no presente da narrativa, ela já não esteja com o marido”.

Perante o facto de estar a retratar um drama que tem sido bastante explorado na ficção nacional – fruto da realidade que se vive no país -, Isabel Figueira gostava que a história da sua personagem fosse muito mais longe do que o que está a ir. “Gostaria de ter feito muito mais do que o que fiz na novela. O drama da Luísa devia ter sido mais explorado em certas partes, e ela não vai ser um exemplo”, analisa Figueira, em declarações proferidas à margem do evento da MyLabel, que decorreu esta semana, em Lisboa.

“A Luísa vai ser um retrato daquilo que se vive hoje em dia, deveria fazer mais, mas não vai fazer”, adianta, salvaguardando que não poderá entrar em mais detalhes sobre o futuro da sua personagem na série emitida por Queluz de Baixo.

Recorde-se que, na trama, esta mulher fez queixa do ex-marido, saiu de casa ao fim de 15 anos e vive com uma pulseira. “Daqui para a frente devia haver uma linha… o que posso dizer é que gostava que ela tivesse outro futuro”, desabafa a atriz.

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Isabel conta ao Delas.pt que tem recebido muitas mensagens de mulheres que “chegam de quem até já saiu desse drama e outras que ainda o vivem”. Uma personagem que obrigou a atriz a mergulhar neste problema, “a ouvir histórias muito duras”, conta. “Tinha um caso próximo que desconhecia e vejo que muitas das mulheres que sofrem hoje de violência doméstica não cresceram com esse exemplo em casa, mas passam a vivê-lo devido a fatores externos”.

“Pergunto-me como é que mulheres consentem viver numa relação em que o amor não é amor. Às vezes, estão tão embrulhadas que não conhecem outra realidade. O amor, para elas, é aquilo. Algumas cresceram nisso outras acham mesmo que a culpa é delas, interiorizaram-na”, analisa Figueira. E exemplifica: “Acham que não fizeram o prato que deviam ter feito, que não se vestiram como deviam, que não cuidaram de si. Vivem e arranjam uma culpa que não é culpa”.

E a atriz deixa até um alerta. “As mulheres têm uma tendência de, após serem mães, a anularem-se muito, a viver para os outros por estar casada e em prol dos filhos. Existe essa mentalidade.”

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