Isabel II falha um dos atos públicos mais importantes em quase seis décadas

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[Fotografia: LEON NEAL / AFP]

A rainha Isabel II, de 96 anos, faltou à Abertura de Estado do Parlamento na terça-feira, 10 de maio, pela primeira vez em 59 anos, tendo sido substituída pelo filho Carlos. O que está a ser visto como transição de poder é também olhado com preocupação. Afinal, desde outubro que a monarca britânica raramente é vista em público e após internamento, em outubro do ano passado.

A informação tinha sido avançada na segunda-feira, 9 de maio, e confirmou-se esta manhã. “A pedido de Sua Majestade, e com o acordo das autoridades competentes, o Príncipe de Gales vai ler o discurso da Rainha (…) com a presença do Duque de Cambridge”, o príncipe William, afirmou o palácio em comunicado, na véspera da cerimónia.

A decisão, adiantou, foi tomada a conselho médico devido a “problemas de mobilidade episódicos”, pelo que a monarca de 96 anos decidiu “relutantemente” não comparecer.

O príncipe herdeiro, Carlos, já participou na cerimónia em anos anteriores como acompanhante da mãe, em substituição do príncipe consorte, príncipe Filipe, que se retirou da vida pública em 2017, aos 96 anos.

Já há um evento sem a rainha e o jubileu à espera de detalhes

A Casa Real já fez saber que a rainha não participará nas tradicionais festas de jardim no Palácio de Buckingham, para as quais são convidados cidadãos comuns, e não se sabe em que medida irá aparecer nas comemorações do Jubileu de Platina, em junho.

A Abertura de Estado do Parlamento – que teve lugar esta terça – é um dos atos públicos mais importantes da chefe de Estado, consistindo na leitura do chamado Discurso da Rainha, que enumera as políticas do governo e a legislação proposta para a nova sessão parlamentar.

O protocolo previa que a rainha caminhasse entre o automóvel e a entrada do edifício do Parlamento e depois até à sala na Câmara dos Lordes onde normalmente leria o discurso, incluindo três degraus de acesso à plataforma onde se encontra o trono. Em 2016, usou um elevador em vez pela primeira vez em 64 anos, evitando os 26 degraus da Escadaria da Entrada Real. A rainha usou uma bengala em público desde a primeira vez em outubro passado e recentemente admitiu, durante uma receção no Castelo de Windsor: “Não me posso mexer”.

 

Duas vezes que a rainha não compareceu

Isabel II só não abriu o Parlamento duas vezes durante o reinado de 70 anos, em 1959, ano em que ela estava grávida do príncipe André, e 1963, quando estava grávida do príncipe Eduardo.

Em 2020, a cerimónia foi suspensa devido à pandemia covid-19 e no ano passado teve a capacidade reduzida devido às medidas de saúde, mas mesmo assim a soberana nonagenária esteve presente.

Desde 2019 que deixou de ser transportada na tradicional e vistosa carruagem a cavalos dourado, optando por viajar até Westminster numa limusine por ser mais confortável. A pompa militar também foi reduzida e a rainha deixou de usar a Coroa Imperial ou manto cerimonial devido ao peso e desconforto, envergando um vestido normal.

Outros costumes seculares deverão ser repetidos, incluindo manter simbolicamente um deputado como refém para garantir que a monarca sai do edifício em segurança.

Nos últimos dois anos, Isabel II tem reduzido a agenda pública e cancelou a participação em vários eventos, fazendo representar-se por outros membros da família real.

Em março faltou a uma cerimónia anual de comemoração da Commonwealth em Londres, a qual raramente falhou, mas fez questão de assistir a uma cerimónia religiosa em memória ao marido, o príncipe Filipe, que morreu em abril do ano passado, aos 99 anos.

Em outubro passado, a rainha passou uma noite no hospital por uma razão desconhecida e foi aconselhada a descansar nos três meses seguintes, perdendo vários eventos importantes.

Em fevereiro, superou uma infeção de covid-19, mas continuou a desempenhar “tarefas leves”, nomeadamente por videconferência.

CB com agências