Isabel Jonet: “Quem pede mais ajuda são as mulheres e muitas com filhos pequenos”

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Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome [Fotografia: Pedro Rocha / Global Imagens ]

“Houve um aumento muito substancial dos pedidos e a maior parte das pessoas que agora estão a pedir ajuda estão empregadas, portanto, são trabalhadores pobres”, aponta a presidente da Federação Portuguesa de Bancos Alimentares, Isabel Jonet, explicando que os salários não chegam para suportar as despesas de alimentação, bem como habitação. “As famílias procuram os bens mais básicos e, em muitos casos, explicam que o preço da habitação representa hoje uma fatia tão grande dos orçamentos que precisam de ajuda para comer”.

Entre os pedidos, a responsável sublinha que “quem pede mais são as mulheres e muitas com filhos pequenos”. “São mulheres jovens, no começo da vida, e que, muitas vezes, têm dificuldade em conseguir trabalhos por turnos porque não têm onde deixar os filhos. Por vezes, diz-se que há um desencontro entre as pessoas que estão a receber apoios sociais e as entidades do mercado, mas as entidades do mercado não pagam o suficiente para justificar o trabalho”, aponta a líder dos bancos nacionais. Por outro lado, houve uma ligeira diminuição do número de pedidos das pessoas mais velhas, “reflexo dos apoios sociais aos reformados”.

O Banco Alimentar recebeu quase o dobro dos novos pedidos nos primeiros quatro meses do ano face ao mesmo período em 2022: foram feitos 3330 novos pedidos de auxílio, enquanto no ano passado tinham registado mais 1725. De acordo com a responsável, a vinda de refugiados para Portugal não teve um “peso significativo” no aumento dos pedidos, pelo que mais de metade das pessoas (63%) que procuraram apoio são portugueses e 27% são cidadãos brasileiros.

Por outro lado, houve uma ligeira diminuição do número de pedidos das pessoas mais velhas, “reflexo dos apoios sociais aos reformados”. Mais de metade dos pedidos de ajuda chegam de famílias em Lisboa e Setúbal. O aumento dos pedidos de ajuda também se fez sentir nos bancos do Algarve, da Madeira e do Grande Porto.

Este fim de semana, mais de 40 mil voluntários vão estar em dois mil superfícies comerciais por todo o país para recolher bens alimentares numa altura em acrescem as dificuldades para muitas famílias. Quem não consiga contribuir para o peditório nos dias 6 e 7 pode comprar vales alimentares disponíveis nos supermercados ou através do site alimenteestaideia.pt até dia 14 de maio.