
“Foram longos momentos de ansiedade” devidos a um “período de enorme violência” que a deputada socialista Isabel Moreira sofreu na pele e na sequência de ter defendido matérias em torno da igualdade de género e da comunidade LBGTI+. Momentos que são abordados com nova profundidade, com a parlamentar a revelar que chegou a sofrer ameaças à porta de casa, de madrugada. “Descobriram onde é que eu morava, tocaram-me à campainha às três da manhã a dizer que iam matar-me e violar-me”, contou a também advogada Isabel Moreira no podcast Um Género de Conversa, de Paula Cosme Pinto e Patrícia Reis.
Se em 2016, a constitucionalista revelou ter recebido “mais de 1000 telefonemas ameaçadores. Todos feitos por homens”, a verdade é que as ameaças escalaram no tom e na proximidade, tocando bens pessoais e patrimoniais: “Pontapearam várias vezes, em vários dias diferentes, a minha caixa do correio. Escreveram com um prego ‘puta’, ‘lésbica’, por aí fora. Fizeram o mesmo ao meu carro.”
Apesar de nunca ter falado nisso na altura, a deputada sublinha que tal “criou um grande estado de ansiedade. Telefonavam-me muitas vezes por dia, a dizer que vai acontecer isto e aquilo. Aquilo era constante”.
Ameaças que tocaram a família. “Eu estava na rua com a minha sobrinha pela mão, pequenina, e um homem agarrou-me pelo braço, abanou-me e chamou-me muitos nomes. A minha sobrinha começou a chorar. (…) Disse-lhe: ‘largue-me imediatamente, está aqui uma criança, o senhor está a embaraçar-se a si próprio’. Eu transmiti muita segurança à minha sobrinha e estavam pessoas presentes”, detalha Isabel Moreira, que vai mais longe: “Ameaçaram matar o meu pai [Adriano Moreira], aí sim fiz queixa. Aí sim, tive um ataque de pânico porque deixou de ser comigo.”
As mensagens de ódio – conta Isabel Moreira – ainda não desapareceram. “Continuo a receber muitas mensagens de ódio. Menos. Nesse tempo era tudo físico, entrava em casa. Atingia o meu património, a minha casa, a minha intimidade”, declarou na entrevista.