Islândia volta a dar o exemplo na igualdade, agora nos festivais de música

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Na época de auge de festivais de música, em Portugal, com o Meo Sudoeste a decorrer e o Bons Sons (em Cem Soldos) a começar, as notícias de paridade chegam de fora, mais concretamente da Islândia. O cartaz do famoso Iceland Airwaves, que decorre entre 7 e 10 de novembro terá uma composição 50% feminina/ 50% masculina.

No ano, em que assinala a sua 20ª edição, o evento quis seguir o exemplo de outras medidas de género em que o seu país é pioneiro, como o facto de ter sido o primeiro do mundo a legalizar a igualdade salarial igual para homens e mulheres e a penalizar quem não o cumpre.

O cartaz ainda não está fechado, mas entre as confirmações femininas estão já nomes como Fever Ray, o projeto da sueca Karin Dreijer Andersson, Natalie Prass, Nadine Shah e Stella Donnelly.

Mas o Icelandic Airwaves é apenas o primeiro festival a pôr em prática a lógica da paridade, num grupo de outros eventos que deverão fazer o mesmo até 2022, ao abrigo do acordo Keychange, uma organização internacional para empoderar as mulheres na indústria musical e procura incentivar os festivais musicais a atingir a meta dos 50/50 nos seus cartazes, dentro de quatro anos.

O MIL – Lisbon International Music Network e o Westway LAB Festival são os únicos festivais portugueses representados numa lista de 50 eventos artísticos do género de todo o mundo. Mas o que se destaca verdadeiramente é a ausência dos grandes festivais mundiais, como o Coachella e Lollapalooza, nos EUA, ou Glastonbury, no Reino Unido.

Um estudo recente da APORFEST – Associação Portuguesa de Festivais de Música mostrou que a igualdade do género não se reflete no alinhamento dos principais festivais de verão portugueses.

A investigação tentou perceber, na programação com artistas internacionais, quantos cabeças-de-cartaz eram femininos ou compostos por artistas do sexo feminino e a conclusão revelou que os cartazes dos festivais de música portugueses de 2018 não passam no cumprimento das regras da paridade.

“Uma análise prévia, que queremos que passe a um estudo mais complexo, com análise de várias variáveis verificamos que existem apenas 7 casos [de cabeças de cartaz femininos]: Rita Ora (Meo Marés Vivas); Katy Perry (Rock in Rio), Yasmine Hamdam (FMM Sines); Jessie Ware e Norah Jones (EDP Cooljazz) e Lorde (Nos Primavera Sound).”

Nos festivais com uma programação exclusivamente nacional ou lusófona o desequilíbrio de género é menor, assinala o estudo da associação, “devido, em grande parte, aos que recebem artistas de fado, onde a predominância do género feminino é na atualidade claramente superior”.

Os festivais de música continuam por território nacional até setembro (inclusive). Na próxima semana, começam Sol da Caparica, em Almada, e o Vodafone Paredes de Coura, na Praia Fluvial do Taboão.

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