Isolamento atira crianças para maior risco de depressão. Como resolver

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[Fotografia: Istock]

Uma equipa de investigadores britânicos da Universidade de Bath concluiu já que, mais do que mexer com os mais pequenos e alterar-lhes as rotinas, certo é que há indicadores que apontam para o aumento da depressão nos mais pequenos devido a maiores períodos de solidão.

O estudo fez uma metaanálise de seis dezenas de estudos prévios que abordassem o isolamento, a solidão e a saúde mental em crianças com idades a partir dos 4 anos e até adultos com 21. A conclusão indica que os que viveram períodos de maior solidão correm três vezes mais riscos de vir a desenvolver comportamentos depressivos no futuro e num horizonte a dez anos.

“A partir da análise, percebemos que existe uma forte associação entre solidão e depressão em jovens, tanto a curto quanto a longo prazo. Nós sabemos que esse efeito pode, por vezes, prolongado, o que significa que podemos demorar até dez anos para perceber a escala real da crise da Covid-19 para a saúde mental”, justificou a responsável do Departamento de Psicologia da Universidade de Bath e coordenadora do trabalho.

A psicóloga Maria Loades refere ainda que “existem provas de que a duração do período de solidão tem mais impacto nas taxas de depressão em jovens do que a sua intensidade”. Por isso, refere a especialista, o regresso às rotinas pode ter um efeito estabilizador e até impeditivo do progresso de um estado de ansiedade. Mas não sem cuidados: “temos de pensar de que forma este processo será conduzido, principalmente quando se trata de lidar com os sentimentos e experiências dos mais novos”, refere à imprensa britânica.

O estudo, que aponta já algumas sugestões no sentido de minorar os efeitos, resultou já numa carta aberta ao secretário de educação britânico Gavin Williamson, na qual eram sugeridas alternativas para promover o bem-estar social e emocional após a quarentena.

Entre as recomendações, a especialista sugere que as aulas possam englobar conversas sobre as emoções dos pequenos de forma a que possam falar abertamente do que o isolamento social representou para cada um deles.

Mas há mais recomendações: “No regresso das crianças à escola, é preciso dar prioridade ao ato de brincar de forma a ajudar as crianças a ligarem-se de novo aos amigos”, argumenta Loades.