Jane Campion e Ariana deBose, as mulheres que fizeram história nos Óscares 2022

Jane Campion Ariana deBose
Jane Campion e Ariana deBose [Fotografia: Montagem AFP]

Jane Campion, que esta madrugada de segunda, 28 de março, se tornou na terceira mulher a vencer o Óscar de Melhor Realização por O Poder do Cão, disse que o seu triunfo “é como um verdadeiro retorno”, 28 anos depois da primeira estatueta.

“Estou muito orgulhosa por ter ganho esta noite”, afirmou Campion nos bastidores da 94.ª cerimónia dos prémios da Academia, depois de ser apenas a terceira mulher a vencer o galardão.

[Fotografia: VALERIE MACON / AFP]

“Sou outra mulher, que será seguida por uma quarta, quinta, sexta, sétima, oitava. Estou muito entusiasmada com o facto de que isto agora está a evoluir rapidamente”, afirmou. “Precisamos disso. A igualdade importa”.

Campion, que não parou de sorrir na sala de entrevistas, disse que quando venceu o Óscar de Melhor Argumento Original por “O Piano”, em 1994, a experiência foi muito diferente.

“Isto é como um verdadeiro retorno e é bonito sentir que podemos fazer isso, que é possível continuar a evoluir como realizadora e ficar mais forte”, explicou Jane Campion.

Questionada sobre se será possível um dia ter a categoria de Melhor Realização inteiramente com mulheres nomeadas, a cineasta respondeu que esse “é um sonho bonito” e que neste momento vamos uma a uma.

“O que eu gosto mesmo é de excelente trabalho, e é gratificante ver que, por estes dias, esse bom trabalho é feito por mulheres”, indicou. “Elas têm esta energia, foram encorajadas pelo movimento Me Too e sentem que agora é o seu tempo”, continuou. “Vamos ver muitos mais filmes entusiasmantes feitos por mulheres”.

A realizadora disse que houve muitos desafios na realização de “O Poder do Cão” e que o facto de ser uma história com muitas camadas foi algo incrível. “A escuridão não me incomoda. Do que eu não gosto é quando as pessoas a encobrem”, salientou.

A realizadora elogiou os seus colaboradores e disse ser “impossível” ganhar um prémio destes sem uma equipa extraordinária por detrás. “Realizar é, em primeiro lugar, imaginação e, em segundo lugar, disciplina e trabalho duro”, considerou. “Estamos sempre a equilibrar essas duas qualidades para fazer arte e um bom filme”.

O Poder do Cão, uma produção da Netflix, estava nomeado para doze Óscares mas só ganhou um, o de Melhor Realização, entregue a Jane Campion. A categoria mais cobiçada da noite, Melhor Filme, foi ganha por CODA – No Ritmo do Coração.

Ariana DeBose já tinha feito história na categoria de representação ao ser a primeira afro-latina lésbica a ganhar o Óscar de Melhor Atriz Secundária, pelo papel de Anita em West Side Story.

Ariana DeBose [Fotografia: ANGELA WEISS / AFP]
“Isto prova que há espaço para nós”, afirmou DeBose na sala de entrevistas. “É um momento bom para ser visível e sinto-me muito honrada por isso.

A atriz considerou a vitória “histórica” e sublinhou que a indústria “mudou muito”, lembrando que esta foi também a primeira vez que o mesmo papel (Anita) foi distinguido com dois Óscares, depois da vitória de Rita Moreno em 1962.

“Foi muito trabalho duro”, disse. “Isto é magia, mas é magia que não apareceu sem esforço”.

Veja a lista de premiados da 94ª cerimónia dos Óscares:

Melhor Filme: “CODA – No Ritmo do Coração”

Melhor Realização: Jane Campion – “O Poder do Cão”

Melhor Atriz: Jessica Chastain – “The Eyes of Tammy Faye”

Melhor Ator: Will Smith – “King Richard”

Melhor Ator Secundário: Troy Kotsur – “CODA – No Ritmo do Coração”

Melhor Atriz Secundária: Ariana DeBose – “West Side Story”

Melhor Argumento Original: “Belfast”

Melhor Argumento Adaptado: “CODA – No Ritmo do Coração”

Melhor Cinematografia:” Dune”

Melhor Montagem: “Dune”

Melhor Filme Internacional: Drive my Car”

Melhor Documentário em Longa-metragem: “Summer of Soul”

Melhor Documentário em Curta-metragem: “The Queen of Basketball”

Melhor Filme de Animação: “Encanto”

Melhor Curta-metragem de Animação: “The Windshield Wiper”

Melhor Curta-metragem: “The Long Goodbye”

Melhor Banda Sonora Original: “Dune” – Hans Zimmer

Melhor Canção Original: “No Time to Die” – (“No Time to Die”)

Melhor Direção de Arte:” Dune”

Melhor Guarda-Roupa: “Cruella”

Melhores Efeitos Especiais: “Dune”

Melhor Som: “Dune”

Melhor Caracterização: “The Eyes of Tammy Faye”

CB com Lusa