Kamala e Jill: quem são e o que vão fazer estas mulheres a partir da Casa Branca

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[Fotografia: EPA]

A primeira mensagem está dada. Jill Jacobs Biden, 69 anos, vai ser pioneira no histórico das primeiras-damas norte-americanas ao não abandonar a sua profissão como professora universitária de inglês, na Virgínia do Norte, assim que o marido, nove anos mais velho, se instalar na Casa Branca, mal assuma funções como 46º presidente dos Estados Unidos da América. Uma tomada de posse que terá lugar a 20 de janeiro de 2021.

“Ela é uma educadora. Para os educadores da América, este é um grande dia. Terão uma na Casa Branca”, afirmou o democrata recém-eleito. Uma informação confirmada pela porta-voz da futura primeira dama, Michael LaRose.

Mas, afinal, quem é e ao que vem Jill Biden? Olhemos, então, para o passado. Ao lado de Joe Biden há 43 anos, quando se conheceram num sábado de 1975, Jill criou, em 1993, uma associação de apoio a quem sofre de cancro de mama na sequência de ter visto quatro amigas a ter de lutar contra a doença. Perante este impacto, a professora criou a associação sem fins lucrativos Biden Breast Health Initiative que tem apoiado mais de dez mil jovens mulheres, desde a escola secundária, a detetarem a doença precocemente.

A futura primeira-dama esteve também na origem da Book Budies, uma instituição que tem pugnado pela entrega de livros a crianças oriundas de famílias com parcos recursos financeiros.

“Jill ama ferozmente, preocupa-se profundamente com as pessoas e nada a impede quando decide que pode melhorar alguma coisa”, escreveu Joe Biden, o futuro presidente dos EUA, no Twitter, em agosto último e em plena campanha para as Presidenciais. E acrescentou: “Todos pensam no professor favorito, aquele que vos fez acreditar em vocês mesmos. Esse é o tipo de primeira-dama que Jill será.”

Jill tem existência por si e quer continuar a fazê-lo. Se no dia em que foi votar, 3 de novembro, levou a imprensa a estabelecer paralelos de estilo com a francesa e primeira-dama Brigitte Macron, a entourage democrata dá sinais de que não será diferente. E há algo mais a destacar porque Jill tem um poder relevante nas redes e soma mais de 1,2 milhões de seguidores só no Twitter, compareceu ao lado do marido em reuniões virtuais em tempo de campanha na nova era definida pela pandemia e, em março, até deu ‘o corpo às balas’ ao colocar-se no meio de uma quezília física que opunha Biden a um crítico seu no palco da célebre noite eleitoral norte-americana, conhecida por Super-Terça-Feira.

Nascida a 5 de junho de 1951 em Hammonton, Nova Jersey, Jill é a mais velha da família, sendo filha de pai banqueiro e uma doméstica. Cresceu na Pensilvânia ao lado de quatro irmãs. Antes de se cruzar com Biden. A professora foi casada com um jogador de futebol da universidade local, Bill Stevenson. Separou-se me 1974.

Um ano depois cruzava-se com Biden, depois de ter conhecido um dos irmãos de Joe e que os apresentou. O agora recém-eleito presidente atravessava na altura um período negro: era já viúvo, tinha perdido a mulher, Neilia, e a filha de ambos Naomi, de 13 meses, num acidente de carro, em 1972. Tinha a seu cargo dois rapazes: Beau, nascido em 1969, e Hunter, de 1970.

Os relatos biográficos contam que Jill não aceitou o primeiro pedido de casamento de Joe. Nem o segundo. Nem o terceiro. À quarta Joe levou Jill ao altar. “Não podia arriscar que eles [os filhos] perdessem outra mãe”, referiu Jill em entrevista à revista Time, já em agosto de 2019. Em 1981, nascia a primeira filha do casal, Ashley.

Tal como Michelle Obama, Jill tem deixado clara a sua postura em matéria de saúde e exercício e não deixa cair esses créditos.

Diz-se que continua a correr oito quilómetros, cinco dias por semana, mantendo sempre – para lá da carreira política do marido – o seu trabalho como professora universitária.

Kamala Harris pela diversidade

Quatro anos depois de ter sido eleita senadora pela Califórnia, o mais multicultural dos 50 estados, Kamala Harris chega à vice-presidência dos EUA, vista sempre como voz dura e crítica a Donald Trump nas presidenciais americanas de 2020. Nascida em 1964 em Oakland, é filha de uma médica oriunda da Índia e de religião hindu, e de um professor de Economia com raízes jamaicanas.

Os pais divorciaram-se quando era pequena e foi criada, com a irmã Maya, pela mãe em Berkeley. Cresceu num bairro de maioria negra e cantava no coro da igreja batista. Durante algum tempo também viveu em Montreal, quando a mãe aceitou emprego no Canadá.

Estudou direito na Universidade Howard, em Washington, e na Universidade da Califórnia. Até estas eleições era procuradora-geral da Califórnia. Democrata, derrotou uma rival do mesmo partido (Loreta Sanchez, uma filha de mexicanos) e substitui no Senado uma outra mulher democrata, Barbara Boxer. É casada desde 2014 com Douglas Hemhoff, um advogado de Los Angeles.

Defensora do controlo de armas, opositora da pena de morte, campeã da integração dos imigrantes e da escola como elevador social, Kamala é uma das vozes progressistas em alta nos Estados Unidos e representante da crescente miscigenação no país. A revista ‘Mother Jones’ imaginou-a a desafiar o republicano Trump, enquanto o ‘Daily Beast’ a chamou de “Obama versão feminina”. No senado, foi a primeira indiano-americana e também a segunda afro-americana.