Correntes simples, pingentes, alfinetes, brincos, pulseiras? Sim, se o que se procura é a discrição, garantindo – claro – que estará sempre na moda. Mas desde o ano passado que a joalharia reclama territórios corporais novos e procura brilhar como nunca a partir de onde não esteve. Mas não só: as peças mais contemporâneas querem reinterpretar a realidade – que o diga Bella Hadid – ou apenas ser vestida.
A joalharia parece estar a querer sair do guarda jóias para entrar no guarda… roupa.
E se neste caso Bella Hadid, na passadeira vermelha de Cannes, em julho 2021, é exemplo com o seu vestido-colar pulmão, da Schiaparelli, em tempo de luta ambiental e pandemia, há casos mais recentes que puxam o argumento ao limite: a atriz Zendaya fê-lo na gala Ballon d’Or, me novembro de 2021, ao usar um vestido da Roberto Cavalli que recriava a coluna nas costas da peça.
Na terça-feira, 1 de fevereiro, Cristina Ferreira apostou na joalharia nacional. O colar desceu pelo peito abaixo e instalou-se sob os seios, reforçando o decote sob o blazer. Uma produção made in Portugal, com assinatura de Cristina Pais, que ganha o nome de “Joia de Corpo”.
A peça de tamanho único tem apoio no peito e fecho atrás, é feita em Zamak (acrónimo anglicista da liga metálica com zinco, alumínio, magnésio e cobre), cristal, aço e veludo e custa 129 euros.
Também em uso, mas como sucedâneo da beleza, a atriz Angelina Jolie retirou a cor dos lábios para os fazer brilhar apenas com um lip to chin [lábio ao queixo em tradução literal]. Uma aposta feita na passadeira vermelha da estreia do filme Eternals (Eternos) e que não esteve perto de gerar consenso.
Da autoria da joalheira Nina Berenato, esta pequena peça em ouro ajustável através da pressão custa 50 dólares (perto de 45 euros) online.
Olhando ao detalhe para os desfiles recentes da Schiaparelli – e de que Hadid é exemplo -, a casa de luxo fundada por Elsa Schiaparelli recuperou nas coleções mais recentes a ousadia das suas primeiras propostas, no início do século passado. Atualmente, a fusão da roupa com os acessórios de luxo emerge, por vezes, sem que se perceba bem onde termina a roupa e onde começa a joia.
Conheça também a obra de Edgar Mosa, artista, designer e joalheiro português que dá cartas lá fora e assinou, em co autoria com o companheiro Joe McShea, mais recente instalação para o desfile da Loewe, em Paris.