Jornalista russa que se manifestou contra a guerra na Ucrânia sai com multa mas arrisca condenação

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[Fotografia: Instagram de Marina Ovsyannikova]

Marina Ovsyannikova é uma jornalista russa que ficou conhecida por ter enfrentado o regime russo e denunciado em direto a verdade sobre a guerra na Ucrânia.

A jornalista surgiu, esta segunda-feira, 14 de março, em direto durante uma transmissão da televisão estatal com um cartaz que dizia: “Não à guerra. Parem a guerra. Não acreditem na propaganda. Estão a mentir-vos aqui”.

Marina Ovsyannikova foi, entretanto, presente a tribunal e declarou-se “inocente”.

Durante a audiência a jornalista não só disse não admitir a culpa como acrescentou: “Continuo convencida de que a Rússia está a cometer um crime (…) e que ela é o agressor da Ucrânia”.

O jornalista José Milhazes reagiu à notícia nas redes sociais.

“A heroína russa, que ousou protestar contra a guerra na televisão russa, foi condenada a pagar uma multa de 247 euros por ‘ter realizado uma iniciativa não autorizada’. Que justiça tão humana é a russa!, dirão alguns. Mas o problema é que Marina Ovsiannikova vai ainda ser julgada por ‘difusão pública de informação conscientemente falsa’ sobre os militares russos. Este artigo, aprovado à pressa durante a guerra, prevê uma pena de prisão até 15 anos!”, escreveu.

Entretanto, Emmanuel Macron, presidente da França, já garantiu que a russa pode contar com o apoio do país. Segundo o presidente francês, Marina Ovsyanni15kova pode contar com a proteção na embaixada francesa em Moscovo, contudo, precisa do acordo da Rússia. Outra hipótese é conceder-lhe asilo e exigiu ainda “todos os esclarecimentos” sobre a sua situação.

“Vamos tomar medidas para oferecer proteção, seja na embaixada, seja através de asilo, à vossa colega”, afirmou à imprensa, frisando ainda que terá “oportunidade no próximo encontro com o presidente Putin de propor esta solução de forma direta”.

O Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos também reagiu ao caso da jornalista e pediu às autoridades russas que não adotem medidas de retaliação contra Marina Ovsyannikova.

“Acompanhamos o seu caso e estamos em contacto com as autoridades para lhes pedir que não adotem represálias contra ela”, apelou Ravina Shamdasani, porta-voz da agência da ONU em conferência de imprensa.