Jovens obrigadas a pressionar ferro quente no peito para que não cresça

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É uma prática em alguns pontos de África, mas tem vindo a ganhar relevo na Europa, em particular nas comunidades do Reino Unido. O “breast ironing” consiste em pressionar contra o peito das jovens, ainda antes da entrada na puberdade, ferros quentes que atrasam o crescimento dos seios, explica uma investigação levado a cabo pelo jornal The Guardian que expõe dezenas de casos recentes.

A reportagem mostra que a mutilação genital feminina, que, em Portugal, recebeu recentemente destaque numa conferência promovida pela UMAR, não é a única prática evasiva a que as jovens adolescentes estão sujeitas em nome da tradição e da “pureza sexual”. Se a mutilação genital feminina pode consistir na remoção do clítoris ou no corte dos lábios vaginais, o “breast ironing” diminui o peito em formação, quebrando o tecido e achatando o formato do mesmo.

No “breast ironing o alvo são meninas a partir dos oito anos de idade, antes de se entrar completamente na fase de puberdade, e o objetivo é afastar os olhares masculinos.

Atualmente, esta prática atinge quase quatro milhões de pré-adolescentes, em todo o mundo, uma vez que a tradição já não tem lugar apenas no continente africano. A prática está a sair da África profunda e a enraizar-se noutros países – dentro das comunidades africanas.

A ONU descreve este ato como sendo um dos cinco crimes globais menos reportados e que estão relacionados com violência de género.

Que consequências podem advir desta prática?

Margaret Nyuydzewira, chefe do grupo “Came Women and Girls Development Organisation“, estima que, pelo menos, mil jovens só no Reino Unido tenham sido submetidas a esta prática.

Segundo o meio de comunicação The Guardian, os médicos e enfermeiras de Inglaterra, que têm visto esta ação ganhar cada vez mais espaço na comunidade, alertam para várias consequências físicas e psicológicas que podem advir desta ‘tradição’. Além dos traumas associados à violência dessa prática, há o perigo de desenvolver infeções, malformações e a impossibilidade de vir a amamentar. O cancro da mama é outra das consequências apontadas pelos especialistas.

Para quem continua a praticar o “breast ironing“, esta foi, afirma o jornal britânico – que falou com algumas pessoas da comunidade onde a tradição ainda é comum, – a forma encontrada para proteger as jovens da atenção masculina indesejada, do assédio sexual e também da violação. Quando são questionados pelas autoridades, justificam os seus atos como sendo tradição.

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