Júlia Buisel vence prémio Bárbara Virgínia da Academia Portuguesa de Cinema

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Fotografia: Artur Machado/Global Imagens

A atriz e assistente de encenação e realização Júlia Buisel venceu a quarta edição do prémio Bárbara Virgínia, por “mais de cinquenta anos de carreira ao serviço do cinema português”, anunciou a Academia Portuguesa de Cinema.

Júlia Buisel fez carreira também como autora, anotadora, ‘script supervisor’, em particular numa longa colaboração com Manoel de Oliveira, e, mais recentemente, como realizadora.

A direção da Academia Portuguesa de Cinema “presta, assim, homenagem a uma mulher que se distinguiu pela sua enorme versatilidade e valioso contributo para a história do cinema português”, lê-se no comunicado hoje divulgado.

A sessão de homenagem e de entrega do Prémio Bárbara Virgínia vai decorrer no próximo dia 08 de fevereiro, às 21:30, na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.

Após a entrega do prémio, será exibida a curta-metragem “Quantas Vezes Tem Sonhado Comigo”, que assinala a estreia de Júlia Buisel na realização, e ainda “Pássaros de Asas Cortadas”, filme de Artur Ramos, que conta o seu desempenho.

Rodado em 1963, em plena ditadura, “Pássaros de Asas Cortadas” adapta uma peça de Luís Francisco Rebello, tem diálogos de Alexandre O’Neill e de Luís de Sttau Monteiro, e sofreu 17 cortes da censura.

O Prémio Bárbara Virgínia toma o nome da primeira realizadora portuguesa, que dirigiu “Três dias sem Deus” – exibido no Festival de Cannes em 1946 -, e foi instituído pela Academia Portuguesa de Cinema em 2015, para homenagear mulheres que se distinguiram no cinema português. Foi já atribuído a atrizes como Leonor Silveira e Laura Soveral e à colorista Teresa Ferreira.

Nascida em 1939, no Algarve, Júlia Buisel está ligada ao cinema desde os anos de 1960. Começou como atriz, no filme “Pássaro de Asas Cortadas”, e destacou-se pelos papéis que desempenhou em filmes como “O Miúdo da Bica”, de Constantino Esteves, e “Uma Hora de Amor”, de Augusto Fraga.

Em 1981, iniciou uma ligação profissional a Manoel de Oliveira, que durou mais de 30 anos, em particular como ‘script supervisor’ de eleição do realizador, nos filmes do cineasta rodados desde então.

Durante esse período, Buisel foi também atriz em algumas das obras do cineasta, como “A Divina Comédia”, “Vale Abraão”, “O Princípio da Incerteza”, “Belle Toujours” e “Singularidades de uma Rapariga Loura”.

Em 2018, Júlia Buisel estreou-se na realização com o filme “Quantas Vezes Tem Sonhado Comigo”. Tendo Lisboa como cenário, o primeiro trabalho de Júlia Buisel como realizadora utiliza fragmentos escritos de Fernando Pessoa e revisita, através de personagens interpretadas por Catarina Wallenstein e Dinis Gomes, algumas das casas onde o poeta viveu, assim como locais que gostava de frequentar.

Nos anos de 1980, Júlia Buisel trabalhara como assistente de realização em produções como “A Tremonha de Cristal”, de António Campos, e na série televisiva “Retalhos da Vida de um Médico”, inspirada na obra literária de Fernando Namora.

 

Quem foi Bárbara Virgínia, a mulher que dá nome a um prémio?