Justiça espanhola pede 22 anos de prisão para “a manada” que violou jovem

pamplona san fermin

São cinco homens, fazem parte de um grupo que se auto intitula de “La Manada” (“A Manada”) e estão acusados de violação coletiva de uma jovem de 18 anos, em julho de 2016, nas festas de San Fermin, em Pamplona, Espanha.

O julgamento do caso começou há uma semana e tem agitado o país vizinho, gerado revolta e protestos, pelos atos cometidos e pelos contornos da situação. Os cinco homens, oriundos de Sevilha, encontraram a jovem, proveniente de Madrid, numa rua, durante a madrugada de 7 de julho. Tê-la-ão violado e gravaram os atos sexuais com os telemóveis, divulgando o conteúdo num grupo de whatsapp.

Foi o vídeo, que juntamente com os testemunhos de vítima e acusados, a base mais importante das provas apresentadas em tribunal para sustentar a existência do crime e que levaram o Ministério Público a pedir 22 anos e dez meses de prisão e o Ayuntamiento de Pamplona e o governo de Navarra a pedirem quase 26. A sentença deverá ser conhecida esta semana, depois de as duas partes, defesa e acusação, terem terminado as suas alegações finais, esta terça-feira, 28 de novembro.

A acusação sustenta que os atos ocorreram sem o consentimento da jovem, que foi rodeada, acossada e forçada pelos cinco indivíduos, sob “violência e intimidação” e “sem qualquer possibilidade de resistência”, detalhou a procuradora Elena Sarasate.

“Depois de os acusados terminarem e conseguirem o que queriam, deixaram-na deitada e seminua”, referiu, citada pelo Publico.es

A magistrada refere que as provas são “contundentes” de que se tratou de uma violação e considera que também são inequívocas quanto ao crime contra a intimidade da pessoa por terem sido gravados vídeos. Os cinco homens, entre os quais se encontram um militar e um agente da Guardia Civil, são ainda acusados de terem roubado o telemóvel da jovem para a deixarem ainda mais indefesa.

Vítima que é vítima mostra sofrimento
Esta é praticamente a base da tese da defesa. Se para a acusação o vídeo revela claramente a violação, para os advogados dos arguidos é precisamente o oposto. Defendem que as imagens mostram que a jovem não tentou resistir e que os atos foram consentidos, que as provas foram manipuladas desde o início e que a jovem foi induzida a fazer queixa, quando percebeu que os atos tinham sido filmados e poderiam ser tornados públicos.

No se vê nem nojo, nem dor, nem sofrimento”, afirmou Agustín Martínez Becerra, um dos advogados de defesa, que sublinhou que as imagens não precisam que alguém as interprete bastando a sua violação.

A jovem alega que não se defendeu porque “estava em choque” e o Ministério Público acrescenta que a jovem foi “humilhada e vexada” pelos cinco homens que se valeram da sua superioridade física e numérica, aproveitando-se do facto de o lugar em que atacaram a jovem ser pequeno, para a encurralarem.

A procuradora apresenta ainda a solidez e a coerência dos testemunhos da vítima, ao longo do processo, e aponta as incongruências e contradições das declarações prestadas pelos cinco homens, que continuaram a apresentar-se como inocentes até à última sessão do julgamento, que decorreu esta tarde, em Pamplona.

Imagem de destaque: Susana Vera /Reuters