Katerina Fonseca: “O meu coração está com a família, amigos e povo ucraniano”

Ukraine war: Portuguese living in Ukraine arrive in Lisbon
[Fotografia: MANUEL DE ALMEIDA/LUSA]

Paulo Fonseca, a mulher e os filhos integraram o grupo de 38 cidadãos que escaparam à guerra da Ucrânia e que apanham o primeiro voo de repatriamento para Portugal, oriundo da Roménia. À chegada a Lisboa, perto da meia-noite de segunda, 28 de fevereiro, o treinador fez uma conferência de imprensa que contou com o testemunho de Katerina Fonseca, a mulher e cidadã ucraniana.

“Quero agradecer o apoio e hospitalidade, mas devo dizer que o meu coração está com a família, amigos e com o povo ucraniano”. A apresentadora, num tom de voz pesado, lembrou o “mundo cruel que se vive no país”.

Paulo Fonseca Katerina Fonseca
[Fotografia: MANUEL DE ALMEIDA/LUSA]

Na mesma conferência concedida aos jornalistas, Katerina lembrou as “vidas de mulheres e civis ameaçadas” e o momento em que apanhavam, a partir da Roménia, o avião ao mesmo tempo que a segunda maior cidade, Karkiv, foi atacada.

“Estávamos a apanhar o avião e uma das maiores cidades estava a ser bombardeada e nove pessoas morreram. Estudei na Universidade de Karkiv, as nossas cidades e vilas estão a sofrer ataques terroristas, pessoas estão a morrer. Peço que toda a gente ajude da maneira que possa”, apelou.

Recorde-se que o treinador português de futebol Paulo Fonseca, que estava retido com a família em Kiev, informou no domingo, 27 de fevereiro, ter conseguido chegar à Roménia, após mais de 30 horas de percurso. “Eu e a minha família já estamos fora da Ucrânia, após mais de 30 horas de viagem chegámos à Roménia, onde estamos neste momento. Conto regressar amanhã [na segunda-feira] a Portugal, onde darei mais detalhes de como foram estes longos dias”, disse o treinador português num vídeo publicado no seu Instagram.

Paulo Fonseca estava na Ucrânia e chegou a refugiar-se num hotel de Kiev depois de a Rússia lançar na madrugada de quinta-feira uma ofensiva militar na Ucrânia.

O treinador disse pretender agradecer às pessoas que o ajudaram muito neste momento: “Estamos seguros (…), mas o pesadelo continua para aquele povo, que continua a lutar de uma forma heroica”.

Na mensagem, Paulo Fonseca, que treinou o Shakhtar Donetsk entre 2016 e 2019, apelou para que todos continuem a lutar pelo povo ucraniano, acrescentando que este está a “sofrer de uma forma injusta e cruel”.

O técnico, de 48 anos, tinha deixado Kiev na quinta-feira, através de uma missão de repatriamento da embaixada de Portugal em Kiev, num percurso por via terrestre até à Moldávia e, depois, à Roménia.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.