A atriz que interpretou a eterna conquistadora Samantha Jones, da série O Sexo e a Cidade, vem agora revelar detalhes de um trabalho televisivo sobre amor, romance e mulheres que, afinal, nem sempre deu todo o espaço para que o sexo feminino pudesse escolher em liberdade o que quisesse para a vida pessoal. Sobretudo, no que diz respeito à própria Kim Cattrall.

A estrela de 61 anos veio agora declarar que, para dar corpo à fogosa personagem, teve de fazer uma escolha íntima de peso: abandonar os tratamentos de fertilidade que estava a ser sujeita com o marido, Mark Levinson, para poder conseguir cumprir o pesado ritmo de gravações.

“Estava no início dos meus 40 anos e tinha acabado de começar a filmar a série. Ao mesmo tempo, as hipóteses de engravidar através das técnicas de procriação medicamente assistida eram… bem, toda a gente falava sobre isso”, confidenciou atriz em entrevista ao programa Life Stories de Piers Morgan Life Stories, do canal ITV.

Por isso, na mesma conversa que teve lugar na segunda-feira, 23 de outubro, à noite, Cattrall revelou: “Tenho dias de 19 horas de gravação nesta série, é impossível”, revelou.

Inquirida sobre se sente uma pessoa maternal, a atriz afirmou que prefere reencaminhar os seus instintos no sentido de ajudar atrizes mais novas: “Sim, creio que ter filhos é uma parte de se ser mulher”. E continuou: “Mas, obviamente, o destino, a ocasião e a sorte, não sei… Foi aí que pensei que ser mentora de atrizes mais novas, em particular, ou mesmo ser tia ou amiga poderia ser uma forma de maternidade. Não uma biológica, mas outra”, declarou.

Tão amigas que… não éramos!

Mas há mais mitos em torno da série que fez sonhar milhões de mulheres pelo mundo fora e que Cattrall deita por terra. A ideia de que aquele quarteto feminino de Nova Iorque era unha com carne, tal só acontecia mesmo quando as câmaras estavam ligadas. Assim que as luzes dos décors se apagavam, Sarah Jessica Parker (Carrie Bradshaw), Cynthia Nixon (Miranda) e Kristin Davis (Charlotte).

18 anos
Sarah Jessica Parker, Kristin Davis, Kim Cattrall e Cynthia Nixon, as protagonistas da série (foto: Kieran Doherty / Reuters)

Nunca fomos amigas. Fomos colegas e, num certo sentido, essa pode ser uma forma saudável de lidar com o trabalho porque há uma linha clara entre a vida profissional e as relações pessoais”, justificou Cattrall.

E não faltaram fatores diferenciadores, na opinião da atriz. “Todas elas tinham filhos e eu era dez anos mais velha. Depois, quando a série terminou, passei a estar mais tempo fora de Nova Iorque, o que levou ao meu afastamento”, contou a Piers Morgan.

Sem poupar críticas, Cattral demonstrou estar desapontada pela falta de contacto para com ela e numa altura em que se fala da preparação de um terceiro filme da saga: “Parece uma relação tóxica”, desabafou, lamentando nunca ter recebido “um contacto telefónico no sentido de saberem ‘então, como estás?’”

E se a Samantha fosse afro-americana ou hispânica?

Repudiando acusações de “exigências de diva” para o terceiro filme, Kim Cattrall também revelou que, apesar de não estar interessada em prosseguir com o trabalho, não impede que a restante equipa o faça. “Foi um grande papel. Fi-lo até ao fim e adorei”, declarou.

Aliás, a atriz tem até uma solução que passa por encontrar uma nova – mas igualmente desempoeirada – Samantha. “Agora, acho que deveria ser outra atriz a fazê-lo. E porque não uma Samantha afro-americana ou hispânica?”

Imagem de destaque: DR