Sentença de ‘La Manada’: as imagens dos protestos em Espanha

Milhares de pessoas saíram à rua em Espanha, esta quinta-feira, 26 de abril, para protestar a sentença judicial da Audiência Provincial de Navarra ao grupo de cinco espanhóis acusados de violar uma jovem nas festas de San Fermin, em Pamplona, em 2016. Mais conhecido por La Manada (‘A Manada’), o grupo foi condenado a nove anos de prisão por abuso sexual continuado e não por violação ou agressão sexual.

Diante do Ministério da Justiça, em Madrid, milhares de pessoas gritaram com as mãos no ar e entre aplausos: ‘Sozinha e bêbeda, quero chegar a casa‘, avança o El País. “Parece-nos indecente que violar em Espanha custe nove anos”, disse ao jornal espanhol, Carlota Álvarez, do Movimento Feminista de Madrid e organizadora do protesto.

A Polícia Nacional Espanhola estima que se tenham reunido na capital de Espanha cerca de dez mil pessoas. Aurora Adalid, 36 anos, foi uma das presentes, juntamente com a filha de cinco meses. Afirmando sentir-se indefesa e vulnerável com a decisão tomada pela justiça espanhola, protesta para que a filha não viva num medo constante: “Não sei o que consideram violência”, afirmou ao El País.

Também Barcelona, Valencia, Sevilla, Bilbao. Granda e Coruña tiveram as principais ruas e praças com milhares de pessoas a manifestarem-se contra a decisão judicial (percorra a galeria acima para ver as imagens).

“Não é abuso, é violação”, “Não é não” e “Eu acredito em ti” foram algumas das frases escritas em cartazes e gritadas durante os protestos – palavras de ordem que rapidamente chegaram às redes sociais como hashtags.

A crítica à sentença surgiu também por parte da política: à esquerda de forma mais incisiva, à direita mais discreta. “Ela disse não. Acreditámos em ti e continuamos a acreditar. Se o que fez a Manada não foi violência em grupo contra uma mulher indefesa, o que entendemos então por violação?”, escreveu o líder socialista Pedro Sánchez no Twitter.

Na mesma rede social, Albert Rivera, líder do Ciudadanos, escreveu: “Como cargo público respeitarei sempre e acatarei as sentenças judiciais, mesmo que não goste. Mas reconheço que como cidadão e como pai me custa assumir a sentença da Manada. Todo o meu apoio à vítima e à sua família”.

Para a vice-presidente da associação espanhola de Mulheres Juristas Themis, Altamira Gonzalo, o tribunal optou por uma solução intermédia, enquadrando os acontecimentos como abusos sexuais e descartando a componente de agressão sexual: “Havia cinco pessoas, muito maiores e mais fortes contra outra absolutamente indefesa e àquela hora da noite. É intimidante a todos os níveis, não pode ser resolvido com um crime de abusos sexuais que está previsto para situações fugazes como ir na rua e ser apalpada”, disse ao El País.

A antiga secretária da Igualdade, Soledad Murillo, também criticou a sentença, pedindo alterações ao Código Penal.

Espanha na luta pelos direitos das mulheres

No passado mês de março, o Dia da Mulher foi celebrado em Espanha com uma greve feminina. Denunciar e protestar contra a violência de género e a desigualdade estrutural que afeta as mulheres nas mais diversas áreas, apelando aos direitos das mulheres, incluindo segurança e liberdade, foram os pilares da paralisação que teve como mote: “Sem nós, Espanha Para”.

A greve sentiu-se em quase todos os setores, desde os transportes, à saúde, passando pela comunicação social. E apesar de ser um movimento feminista, houve homens a juntar-se às manifestações pelas ruas e praças de várias cidades Espanholas.

Agora, milhares de pessoas voltam a gritar palavras de ordem, em nome das mulheres e dos direitos das mesmas, mostrando que a luta continua.

Percorra a galeria de imagens para ver imagens dos protestos que aconteceram um pouco por toda a Espanha.

[Imagem de destaque: REUTERS / Susana Vera]

Greve feminista levou centenas de milhares de pessoas às ruas espanholas

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