Laura Georges: “Tenho cada vez mais gente a querer estar na formação de árbitras”

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Laura Georges, antiga central da seleção francesa e secretária-geral e vice-presidente da Federação Francesa de Futebol [Fotografia: Álvaro Isidoro/Global Imagens]

Stéphanie Frappart foi a primeira mulher a protagonizar uma realidade que está a crescer em França e no mundo: foi a árbitra que entrou em campo para a Supertaça Europeia de futebol masculino, um jogo que teve lugar em agosto último e entre as equipas do Liverpool e Chelsea. Agora, depois deste exemplo, o que se segue?

A antiga central da seleção francesa e secretária-geral e vice-presidente da Federação Francesa de Futebol Laura Georges tem em mãos a pasta da arbitragem, diz que a formação de novas profissionais está no topo das suas prioridades, a par da chegada “de novas e mais treinadoras” à modalidade.

“Estou a trabalhar no desenvolvimento e apoio das mulheres árbitras, quero que as pessoas as sigam e as apoiem, quero criar uma verdadeira estrutura, quero que todos respeitem os árbitros e quero educar os miúdos nesse sentido”, refere a responsável. E já nota diferenças: “Tenho cada vez mais gente a querer estar na formação de árbitras”.

Mas se os primeiros passos já começaram a ser dados, Georges não se equivoca e não perde tempo. “Ter uma árbitra numa competição masculina – como foi o caso de Stéphanie Frappart – foi fantástico, mas temos de fazer mais para a próxima geração. Como federação temos de apoiar mais esta realidade”, sublinha.

“A campanha pela igualdade colocou o Mundial num palco universal”

À margem do debate em torno do futebol feminino e do Mundial 2019 em França, uma conversa que teve lugar na cimeira do futebol, em Lisboa (a Soccerex), Laura Georges revelou que “não” ficou “surpreendida com o sucesso do Mundial”. “Estava confiante num grande êxito, embora não soubéssemos que pudesse ter esta dimensão”, contemporiza. Ao Delas.pt, a atual responsável da Federação francesa admitiu que “a campanha pela igualdade colocou o Mundial num palco universal”.

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Já no que diz respeito a reivindicações a partir de França, a secretária-geral da Federação explica que “as mulheres são pagas com base no que recebem, tal como os homens “. O que, justifica Georges, “há um pagamento tendo por base a proporção do dinheiro que geram”. Crê, porém, que a realidade possa vir a mudar ligeiramente. Como? “Assinámos um contrato de cinco anos e é a primeira vez que vamos estar ligados a uma marca, o que vai trazer dinheiro anualmente. Estamos a olhar para o futebol feminino como um todo e queremos garantir que vamos desenvolver os clubes e trazer mais formação e apoio”, refere a responsável.

Laura Georges espera, contudo, que a iniciativa prossiga e que, depois deste campeonato, “o futebol feminino nunca mais seja o mesmo, que seja puxado, que traga patrocinadores, que revele histórias de jogadoras que inspirem outras e que levem as pessoas a segui-las, a que os clubes queiram investir e que, no final, se coloque mais força nestes jogos”.

Imagem de destaque: Álvaro Isidoro/Global Imagens

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