Lavar o cabelo, mas pouco, e sem champô

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Zara Outono 2015.

Chama-se no poo, nasceu nos EUA há quatro anos e defende que o champô é inimigo do cabelo, por isso defende a lavagem do cabelo sem champô. A ideia tem-se espalhado um pouco por todo o mundo. “Devemos tratar o nosso cabelo com tanto cuidado como cuidaríamos de uma camisola de caxemira”, diz Lorraine Maissey, fundadora da no poo. “Nunca lavaríamos uma boa camisola com detergente.”

Não faltam na internet testemunhos de quem se rendeu a este método, que passa pela utilização de bicarbonato de sódio ou vinagre, e diz que passou a ter um cabelo novo, mais macio, de formas suaves e sem precisar dos cuidados constantes que costumava necessitar.

Claro que nem tudo são maravilhas para os seguidores da tendência. Primeiro, há que contar com o período de privação, que pode durar duas a seis semanas, com comichão, oleosidade… e nem todos são capazes de resistir à vontade de pegar numa embalagem de champô e resolver o problema antes de o cabelo se adaptar. Além disso, são várias as vozes que alertam para os perigos deste método.

Em novembro de 2013, a Academia Española de Dermatología y Venereología divulgou um comunicado intitulado ‘No Poo: Uma Tendência Perigosa’, no qual a dermatologista Lola Conejo-Mir alertava para os perigos desta prática, nomeadamente o risco de infeções no couro cabeludo. “Do ponto de vista dermatológico, podem fazer-se vários comentários a este método. Em primeiro lugar, o champô elimina a gordura produzida pelas glândulas sebáceas, onde ficam presas as células mortas do couro cabeludo, a sujidade ou as substâncias que aplicamos sobre o cabelo, como laca e gel. Esta gordura ou sebo deve ser eliminada periodicamente por razões que vão além da mera estética, já que constitui uma importante fonte de micro-organismos que podem favorecer as infeções.” Uma das maiores críticas dos especialistas prende-se com a utilização do bicarbonato de sódio, cujo uso prolongado remove os óleos naturais do cabelo, causando desidratação do couro cabeludo e fragilizando o cabelo.

Por outro lado, os especialistas reconhecem que champôs mais suaves podem, realmente, melhorar a saúde do cabelo e do couro cabeludo. “É verdade que existem substâncias em alguns champôs que podem irritar o couro cabeludo e, inclusive, provocar alergias, como o álcool e alguns conservantes ou fragrâncias. Estas substâncias não só se encontram no champô como também em qualquer cosmético que apliquemos no corpo (cremes hidratantes, gel de banho, desodorizantes, perfumes, etc.). O champô mais recomendável para um couro cabeludo saudável é um champô suave, os chamados neutros”, explica a dermatologista no mesmo comunicado.